Cada vez que tomo conhecimento de apoios deste tipo, algo me diz que não pode ser tão bom. Ainda mais pelo histórico do atual Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, condenado na Justiça paulista por não respeitar as leis de conservação da natureza e favorecer a iniciativa privada. Mas o fato é que o Programa de Concessão de Apoio à Serviços de Visitação nas Unidades de Conservacão do ICMBio (órgão do governo federal) não é de hoje – foi lançado no ano passado – e, o Parque Nacional do Itatiaia, agora, também receberá apoio financeiro para que nele sejam incrementados “novos serviços de apoio ao uso público”.
De acordo com o ICMBio, esse programa visa “possibilitar que todo cidadão possa conhecer e desfrutar de experiências marcantes de lazer e recreação junto à natureza, em formas e modalidades que o levem a conhecer e a se comprometer com a defesa e a conservação do espetacular patrimônio natural brasileiro“. Torcendo, aqui.
O Parque do Itatiaia tem 28 mil hectares, fica na Serra da Mantiqueira (entre os estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais) e é o primeiro do Brasil, criado em junho de 1937, no governo de Getúlio Vargas. Em 2017, recebeu a visita de cerca de 139 mil pessoas e liderou o ranking de pesquisas cientificas dentro de Unidades de Conservação (UC) nos últimos três anos, de acordo com o ICMBio, que continuará responsável por sua administração.
No ano passado, o primeiro a ser concedido para a iniciativa privada foi o Parque Nacional do Pau Brasil. Em seguida, vieram as concessões do da Serra dos Orgãos e do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, nas mesmas condições. E assim será com os futuros acordos desse tipo.
Os próximos parques nacionais a receberem esse apoio serão os de Lençóis Maranhenses (Maranhão), do Caparaó (Minas Gerais), da Serra da Bodoquena (Mato Grosso do Sul) e de Jericoacara (Ceará), não necessariamente nessa ordem.
O novo contrato foi assinado na semana passada, em 6/2, com a empresa Hope Recursos Humanos S/A, que venceu o edital, que já atua nos parques nacionais da Serra dos Órgãos (Rio de Janeiro) e do Pau Brasil (Bahia). Valerá por 25 anos e prevê investimentos de R$ 17 milhões, principalmente em três áreas do parque: Parte Baixa, Parte Alta e a região de Visconde de Mauá.
E o que inclui essa concessão? No plano de melhorias, de acordo com o site do ICMBio, estão previstas “uma nova portaria, reformas no mirante do Último Adeus, a instalação de uma megatirolesa (do Centro de Visitantes até o mirante do Último Adeus), Ponte do Lago Azul (reforma e construção de deck), área de convivência e passarela suspensa no Complexo de Cachoeiras do Maromba, reforma e ampliação do Abrigo Rebouças e construção de uma área de convivência no local”.
A concessão também contempla a venda de ingressos, o controle e a cobrança de estacionamentos veiculares, alimentação, apoio ao transporte no interior da UC, comércio, hospedagem e atividades de aventura. Espero que não construam um shopping por lá.
Se vai ser bom ou ruim, dependerá da administração, lembrando que essa é uma prática comum nos parques americanos e, segundo especialistas, uma forma de mantê-los conservados e preservados.
Foto: ICMBio/Divulgação