
Foram quatro meses de incêndios, com mais de 10 milhões de hectares de vegetação destruídos na Austrália. E o coala foi uma das principais vítimas da tragédia que devastou o país entre o final de 2019 e o começo de 2020. Estima-se que aproximadamente 10 mil deles morreram – cerca de 12% da população da espécie foi perdida.
Mas no último dia 26 de maio, o nascimento de um filhote trouxe esperança para as entidades de conservação que lutam pela preservação da espécie. O Australian Reptile Park and Wildlife Sanctuary usou suas redes sociais para anunciar a chegada do primeiro coala dessa estação – o primeiro após o desastre dos incêndios florestais.
O lindo filhotinho, uma fêmea, foi batizado com o nome de Ash, ‘Cinza’ em inglês. Ele ainda está sendo cuidado pela mãe, dentro de sua bolsa, assim como outros animais marsupiais.
Para os cuidadores do parque, Ash é um símbolo de esperança para o futuro das espécies da vida selvagem, nativas da Austrália.
O Australian Reptile Park foi criado em 1948 por Eric Worrell, o primeiro naturalista da Austrália. O zoológico faz um importante trabalho na coleta de venenos de cobras e serpentes, usados na produção de soros para tratar vítimas de picadas desses animais.
O zoo tem ainda projetos de conservação, como o de reprodução em cativeiro do demônio da Tasmânia.
Nos últimos meses o parque esteve fechado por causa da pandemia do novo coronavírus, mas irá reabrir no próximo dia 1o de junho, com medidas para proteger os animais e seus cuidadores. A Austrália foi um dos países que conseguiu controlar bem a proliferação da doença. Foram registrados pouco mais de 7 mil casos de COVID-19 e 103 mortes.
Principais ameaças aos coalas
Acredita-se que o coala (Phascolarctos cinereus) evoluiu no continente australiano durante o período em que a Austrália começou a se deslocar lentamente para o norte, separando-se gradualmente da massa terrestre antártica, há cerca de 45 milhões de anos.
Restos fósseis de animais semelhantes a ele foram encontrados datando de 25 milhões de anos atrás. À medida que o clima mudou e a Austrália se tornou mais seca, a vegetação evoluiu para o que conhecemos hoje como eucalipto, tornando-se a fonte de alimento desses marsupiais.

Antes dos primeiros europeus chegaram ao continente, por volta de 1788, milhões e milhões de coalas viviam nele. Todavia, ao longo dos últimos 230 anos, o impacto das atividades humanas, assim como a perda das florestas, reduziu a população de coalas a números alarmantes.
Atualmente, além da redução de habitat, esses marsupiais enfrentam ainda outras ameaças: o ataque de animais domésticos, como cães e gatos, as mudanças climáticas, que provocam ondas de calor avassaladoras e incêndios florestais, e doenças trazidas pelo ser humano.
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Foto: divulgação Australian Reptile Park (abertura) e domínio público/pixabay