
Ele nasceu com apenas 12 gramas e 4,5 centímetros, mas sua chegada foi muito celebrada! O filhote de uru-nordestino (Odontophorus capueira plumbeicollis) é o primeiro nascido no mundo sob cuidados humanos, mais especificamente, da equipe do Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Essa pequena ave, endêmica da Mata Atlântica do Nordeste do Brasil, ou seja, só existe ali e em nenhum outro lugar, está classificada como “criticamente em perigo de extinção” na lista nacional de espécies ameaçadas.
“O nascimento desse filhote é mais do que especial. Estamos radiantes pela importância que ele tem para a conservação de uma ave tão ameaçada, mas essa nova vida traz também toda uma simbologia. Ele é mais uma prova de que um trabalho árduo e em parcerias entre o governo, quem atua com o uru-nordestino no campo e quem cuida dela aqui na instituição pode ser eficaz para reverter o destino de espécies em perigo”, afirma Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
A população do uru-nordestino tem apresentado um acentuado declínio na natureza nas últimas décadas. Com cerca de 25 centímetros, esse galináceo vive no solo das florestas, onde também faz seus ninhos, por isso mesmo, está muito vulnerável à ação de predadores naturais, caçadores e do desmatamento.

Foto: divulgação Parque das Aves
Em 2022, cinco indivíduos da espécie foram enviados pela Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis) para o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu. Juntos com parceiros privados e públicos, como o Centro de Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), em 2024 foi estabelecido um Programa de Manejo Populacional do uru-nordestino.
“A notícia desse primeiro filhote de uru-nordestino nascido sob cuidados humanos chegou em um momento importante, pois mesmo com o monitoramento constante na Serra de Baturité, desde setembro de 2024 não tínhamos registro dessa ave no ambiente natural. Logo depois da notícia desse nascimento, encontramos eles novamente na Serra de Baturité, e isso nos trouxe muito ânimo”, revela Fabio Nunes, gerente de programa da Aquasis. “Capturar alguns indivíduos de urus-nordestinos de uma população tão reduzida foi uma decisão complicada, mas com planejamento e com esse resultado, nossas esperanças se renovam. Com sorte, este será apenas o primeiro de muitos que ajudarão a salvar essa ave da extinção.”
Em dezembro do ano passado, a equipe do parque descobriu que uma fêmea de uru tinha colocado um ovo. O normal são cinco, então dada a particularidade da situação e a possível inexperiência da mãe, decidiu-se pela remoção do mesmo, transferido para uma incubadora. Foi-se também verificado que ele era fértil.
“Trazer esse ovo para os cuidados da equipe de Neonatologia foi uma decisão estratégica, e que já estava estabelecida inicialmente, pois além de aumentar as chances de nascimento do filhote, também nos permitiu criar um protocolo pioneiro para filhotes dessa ave tão ameaçada”, explica Bianca Fernandes, supervisora de manejo de neonatos do Parque das Aves.
A decisão dos cuidados humanos se provou ainda mais acertada 26 dias depois, no momento da eclosão do ovo. O filhote teve dificuldades em conseguir romper a casa e foi necessária uma intervenção. O processo todo durou 30 horas “Foi uma mistura de tensão e emoção. Estar ali, observando aquele pequeno ser tão vulnerável, e ao mesmo tempo tão cheio de significado para a conservação do uru-nordestino, foi uma das experiências mais tocantes da minha vida”, reconhece Paloma.

Foto: divulgação Parque das Aves
A expectativa é que assim que o filhote esteja mais maduro possa ser introduzido ao grupo. O objetivo do programa é ter uma população de segurança para essa espécie tão ameaçada.
“Salvar espécies é um esforço colaborativo. Para a conservação efetiva de uma espécie, todos nós precisamos trabalhar juntos – zoológicos, criadouros, centros de triagem de animais selvagens, ONGs, agências estaduais, universidades, autoridades federais,” ressalta Eduardo Barbosa, coordenador do PAN das Aves da Mata Atlântica, do CEMAVE/ICMBio.
O uru recebe esse nome popular porque emite uma vocalização que soa como “urú-urú-urú…”. A espécie se alimenta de sementes e frutos como o caruru, de palmiteiros e pinhões da araucária, além de insetos e artrópodes.

Foto: divulgação Parque das Aves
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Foto de abertura: divulgação Parque das Aves
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