No final deste post, assista ao vídeo documentário realizado por Diego Gazola fruto da viagem descrita neste texto.
Inspirado em estudos do cientista Antonio Nobre – relatório O Futuro Climático da Amazônia -, o jornalista e ativista mineiro Diego Gazola criou o projeto Nascentes da Crise para contar experiências da viagem que realizará pela Amazônia, entre Rio Branco (Acre) e Cusco (Peru), entre os dias 12 e 30 de outubro. “Essa é a região onde a umidade amazônica que irriga o centro-oeste e o sudeste do Brasil faz a curva”, explica.
Seu objetivo é revelar por meio de fotos, vídeos e pequenas reportagens – e também de aparições ao vivo nas mídias sociais – o local onde a umidade da floresta muda de direção e “buscar elementos que permitam narrar histórias que associem desmatamento, mudanças climáticas e a crise de água no centro-oeste e no sudeste do país”.
O trajeto definido para o projeto – que Gazola também chama de Reality Nascentes da Crise – apresentará a transição entre a Amazônia e a Cordilheira dos Andes, região em que os rios aéreos de vapor – os chamados rios voadores – , vindos da grande floresta amazônica, fazem uma curva e seguem rumo ao sudeste do Brasil, principalmente no verão. “No início de 2014, houve a maior cheia do rio Madeira no Acre, enquanto que, no mesmo período, vivenciamos a grave crise de acesso à água no Sudeste do Brasil, por isso é importante abordar o tema da água com base no pensamento sistêmico”, pontua.
O viajante conta que a cidade peruana de Cusco, localizada a 3.400m de altitude, será a base para “a exploração dos diversos caminhos que conectam a Cordilheira dos Andes às franjas da Amazônia peruana”. E ele conta um pouco mais sobre o roteiro: “Um dos destaques é a estrada que leva ao vilarejo de Santa Maria, nos arredores de Machu Picchu. A “Cidade Perdida dos Incas” está localizada na transição entre os altiplanos andinos peruanos e a maior floresta tropical do Planeta”. Diversos vilarejos nos arredores do trajeto também serão investigados.
O jornalista publicará notícias e relatos diários – “ou sempre que houver conexão com a internet” – na página no Facebook que abriga todos os seus projetos. “Este será o canal de divulgação de tudo que verei por lá e também de interação com o púbico”. E Gazola avisa que o roteiro da viagem não está completamente fechado: “Vou acolher orientações das populações e governos locais e também de sugestões dos internautas”.
Como surgiu o projeto
Não é a primeira vez que o ativista viaja para a região, mas a ideia deste projeto, na verdade, teve início em 2002, quando tomou o “primeiro banho de chuva amazônica”, em Belém, no Pará. “Ali é, literalmente, a porta de entrada da massa de ar quente advinda do deserto do Saara e que influencia grande parte da formação das chuvas na Bacia Amazônica”, explica.
Em 2014, trabalhou para a rede de TV colombiana RCN. Foi quando viajou, pela primeira vez, à região entre Acre e Peru. Essa experiência somou-se à visita de um ancião indígena acreano, do Povo Yawanawá, ao Sistema Cantareira, em São Paulo, que mexeu muito com Gazola: “Ele disse que a floresta estava com medo da cidade”.
Mas foi quando o cientista Antonio Nobre apresentou seu relatório , no ano passado, que o projeto começou a se desenhar na cabeça do ativista: “Ali, muitos conceitos e visões científicas, que até então, intuitivamente, faziam sentido para mim, se materializaram”.
Depois da viagem
Assim que chegar de viagem, Gazola terá um grande trabalho pela frente. Ele editará o vídeo-síntese de suas experiências, além de estruturar um workshop para contar suas experiências na COP 21, em Paris.
“O tema não se esgota com este projeto”, garante. “Por isso, mesmo, escolhi um nome amplo: é possível conectá-lo a outras crises como a da Transposição do Rio São Francisco e a seca na região de sua nascente em Minas Gerais”.
Com abordagem similar, a intenção de Gazola é, em seguida, “desbravar a fronteira agrícola e pecuária no Centro-Oeste e compreender o processo de desertificação do Sudeste do Brasil”.
Agora, assista ao vídeo de divulgação do projeto Reality Nascentes da Crise e ao vídeo-documentário resultante desta viagem. Em seguida, saiba um pouco mais sobre o viajante.
Nos últimos 13 anos, Diego Gazola viajou por vários estados brasileiros, realizando pesquisas de conteúdo para publicações e para sua empresa, a Muda de Ideia. Em 2014, foi apresentador do programa “reality” Expedicion RCN Brasil 2014 para a rede de TV colombiana RCN Televisión, para o qual percorreu quase 10 mil quilômetros. Em 2015, desenvolveu outro programa, no mesmo estilo: Vamos para Parintins. Participou das Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Copenhague (COP15), México (COP16) e África do Sul (COP17).
Foto: Divulgação