Quando o Papa Francisco recebeu, hoje, pela manhã, o cacique Dadá Borari e Poraborari, da Terra Indígena Maró, de Santarém, no Pará -, no Vaticano, ainda havia grande expectativa em relação ao julgamento do STF – Supremo Tribunal Federal sobre a tese do marco temporal, que definiria a demarcação de terras e, por consequência, o futuro dos povos indígenas no Brasil.
No entanto, no final da tarde, as expectativas foram por terra. Depois de ouvirmos o ministro Edson Fachin, que apresentou relatório favorável aos indigenas, o ministro Luiz Fux suspendeu o julgamento, alegando que seria impossível contemplar as 39 representações orais registradas. E adiou o julgamento pela quinta vez: agora, para 1º de setembro.
Os Borari levaram ao pontífice informações sobre as ameaças do Congresso Nacional aos povos indígenas – com a votação rápida de diversos projetos de lei que colocam em risco suas terras e suas vidas – e também sobre o julgamento do século, que ainda não aconteceu.
O encontro foi organizado pelo Movimento Laudato Si, que até 29/7 chamava-se Movimento Católico Global pelo Clima e foca suas atividades na ecologia integral, como também no “compromisso internacional e constante inspiração na Encíclica do Papa o sobre o cuidado com a Casa Comum”.
O Papa Francisco os recebeu na antessala da Sala Paulo VI e, depois de ouvir os representantes do Movimento Laudato Sí e Dadá Borari, conversou com todos e lhes deu “uma esperança muito boa”. Em seguida, se juntou a eles numa dança típica da etnia – o Surara – que exalta os guerreiros: “somos guerreiros, eu sou guerreiro”.
O encontro com o papa só foi possível porque Dadá e Pora fizeram diversos testes contra covid-19, antes de chegar na Itália, onde ainda ficaram de ‘quarentena’ por dez dias.
No vídeo abaixo, Dadá fala sobre a importância do encontro neste momento histórico.
Foto: Vaticano/Divulgação