A advogada italiana Francesca di Giovanni, de 66 anos, trabalha desde 1993 no Vaticano, e foi escolhida pelo Papa Francisco para ocupar um novo cargo: o de subsecretária da seção de relações bilaterais da Secretaria de Estado, órgão que governa a Santa Sé e coordena suas relações com 180 países. Ela é a primeira mulher a ocupar uma função de gerência nessa secretaria.
Formada em Direito e treinada pelo movimento católico dos Focolares, ela é especialista em leis internacionais e direitos humanos. Temas como migração, refugiados, direito internacional humanitário, mulheres, propriedade intelectual e turismo lhe são caros.
Francesca foi nomeada pelo Papa Francisco, ontem, 15/1. Seu cargo equivale ao de uma chefe de departamento em um ministério, e sua divisão coordena as relações da Santa Sé com a ONU e outras organizações inter-governamentais.
Pra você entender a dimensão da nova função, basta saber que, acima da advogada, na hierarquia direta da diplomacia do Vaticano, estão apenas três pessoas, e todas são homens: o Papa Francisco, o cardeal Pietro Parolin, secretário de estado (uma espécie de primeiro-ministro do Vaticano) a quem ela se reportará e o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário da seção para relações com os estados, que equivale a um ministro das Relações Exteriores do Vaticano.
Ao site Vatican News, ela declarou: “É a primeira vez que uma mulher tem um cargo de direção na Secretaria de Estado. O Santo Padre tomou uma decisão inovadora que, certamente, representa um sinal de atenção para com as mulheres. Mas claro que a responsabilidade é mais ligada ao trabalho do que pelo fato de ser mulher”.
No mesmo nível que Francesca, está apenas o Monsenhor Mirosław Wachowski, também subsecretário, responsável pelo setor da diplomacia bilateral. Ele é quem atua nas relações diretas do Vaticano com outros países e responde diretamente ao arcebispo Gallagher.
Mulheres no Vaticano
Francesca Di Giovanni nasceu em Palermo em 1953. Trabalhou junto ao Centro Internacional da Obra de Maria (que pertence ao Movimento dos Focolares) no âmbito do setor jurídico-administrativo.
Desde setembro de 1993, ela se dedicava às relações com os estados da Secretaria de Estado da Santa Sé, no setor multilateral.
É uma das poucas mulheres que assumiram cargos de destaque no Vaticano. Os outros departamentos onde mulheres estão à frente das decisões são: a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, o departamento de supervisão das ordens religiosas e o departamento destinado aos leigos e às famílias ou Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.
Uma brasileira na comunicação
Desde julho do ano passado, outra mulher assumiu cargo importante no Vaticano: foi a jornalista brasileira Cristiane Murray, como vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé.
Formou-se em Administração de Empresas e Marketing pela PUC do Rio de Janeiro, onde nasceu em 1962. Em 1995, começou a trabalhar na Rádio Vaticana, fazendo parte da equipe brasileira que transmite programas diários e também atualiza o portal Vatican News em português e as redes sociais (Facebook, Twitter, Instagram e Youtube).
Na ocasião, a jornalista brasileira declarou: “Aceito essa nomeação com emoção. Para os jornalistas e colegas da Comunicação é um grande reconhecimento do nosso trabalho diário para levar o evangelho ao mundo, a mensagem do papa e da Igreja. O agradecimento deve ser dirigido em primeiro lugar ao Santo Padre, meu agradecimento e de todos nós, especialmente as mulheres, por ter me escolhido para esta importante tarefa”.
A assessoria de imprensa do Vaticano é, desde então, dirigida por dois leigos: Murray, vice-diretora, e pelo anglo-italiano Matteo Bruni, diretor. Desde 2018, ela colaborou com a preparação do Sínodo sobre a Amazônia, realizado em outubro de 2019.
Fotos: Divulgação / Vaticano