Assim como em 2023, e em anos anteriores, a equipe do Kew Royal Botanic Gardens, de Londres – onde fica a maior e mais diversa coleção de espécies botânicas do planeta -, divulgou recentemente uma lista com dez novas espécies de plantas e fungos descritas nos doze meses que passaram e que, para eles, merecem destaque.
Para os pesquisadores britânicos, a divulgação da “Top 10 plant and fungal species named new to science in 2024” é importante para ressaltar a importância desses pequenos e frágeis seres e também, o trabalho de cientistas do mundo inteiro, que trabalham em parceria com os profissionais do Kew Gardens.
Em 2024, juntos, os pesquisadores do Jardim Botânico da Inglaterra e colaboradores internacionais, nomearam 149 novas plantas e 23 fungos. Estimativas apontam que ainda devem existir 100 mil espécies da flora desconhecidas para a ciência.
“O privilégio absoluto de descrever uma espécie como nova para a ciência é uma emoção que poucos jamais experimentarão. Infelizmente, esse prazer está sendo cada vez mais ofuscado pelas muitas ameaças que as plantas enfrentam como consequência direta da atividade humana“, diz Martin Cheek, pesquisador chefe do Kew Gardens para a região África. “A realidade devastadora é que, na maioria das vezes, novas espécies estão sendo encontradas à beira da extinção e é uma corrida contra o tempo para encontrá-las e descrevê-las todas.”
O especialista ressalta que é necessário mais financiamento, urgente, além de treinamento e conscientização pública sobre a taxonomia de plantas e fungos. “A perda de biodiversidade é uma crise que afeta a todos nós: cada espécie desconhecida que perdemos pode ter sido um novo alimento ou um novo medicamento em potencial que nem sabíamos que existia”, ressalta.
Entre as espécies incríveis que aparecem na lista das “Top Dez” de 2024 estão, por exemplo, a wi mukoup ou wee mukup, como chamam as comunidades locais de Bornéu (Malásia e Indonésia), onde a palmeira fantasma é encontrada. Embora usada há muito tempo para a confeção de cestas e também por seus brotos jovens, comestíveis, esta planta permaneceu sem um nome científico até agora. O espécime de herbário mais antigo conhecido data de mais de 90 anos e suspeita-se que seja uma nova espécie há mais de 40 anos.
“O nome hantu é a palavra indonésia e malaia para fantasma, devido à sua aparência fantasmagórica, com a parte inferior branca das folhas e caules cinzas”, explicam os botânicos.
Além da palmeira fantasma, foram descobertas não somente uma, mas quatro novas espécies de fungos com dentes, do gênero Phellodon. “Quando você vira um cogumelo venenoso, é provável que veja guelras ou poros abaixo das tampas que agem como um meio de dispersão de esporos. Mas esse não é o caso de vários fungos, onde as guelras foram substituídas por estruturas semelhantes a dentes”, ressaltam os botânicos do Kew Gardens.
“Identificar novas espécies de fungos é uma tarefa colossal, mas cada vez mais importante, pois estimamos que mais de 2 milhões de espécies estão esperando para serem descritas, e um número esmagador delas provavelmente está ameaçado de extinção, o que significa que podem desaparecer antes mesmo de serem reconhecidas”, diz Anna Bazzicalupo, pesquisadora chefe da área de fungos do Kew Gardens.
Mas ela também ressalta progressos obtidos este ano, como um compromisso assumido durante a COP16 (Conferência das Nações Unidas para a Biodiversidade), que ajudará a priorizar a proteção e a conservação de fungos.
E é da Indonésia que vem o que os pesquisadores celebraram como uma “bonanza” de novas orquídeas. O arquipélago, com suas mais de 17 mil ilhas, é habitat de variedades espetaculares dessas belíssimas flores. E cinco foram descritas em 2024.
Abaixo algumas das demais plantas descritas no ano que passou:
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Foto de abertura: Jeffrey Champion e Andre Schuiteman / Kew Royal Botanic Gardens