Amanhã, 12 de março, é dia de Oscar! Mas, antes da cerimônia de entrega da cobiçada estatueta, os candidatos já terão recebido mensagem potente do povo Yanomami, que já está no ar (assista no final deste post). Ela faz parte da campanha O Custo do Ouro (The Cost of Gold), que visa chamar a atenção dos indicados e premiados – e do público – sobre a devastação ambiental da Amazônia e a crise humanitária vivida por eles devido ao garimpo ilegal.
O vídeo é protagonizado pelo líder indígena Junior Hekurari Yanomami, presidente da Uhiri Associação Yanomami. Em sua língua nativa, ele felicita os indicados e alerta que, o troféu que alguns deles receberão, é de ouro, levantando a suspeita de que o minério pode ter sido obtido de maneira ilegal e contribuído para dizimar seu povo.
“Um dos maiores símbolos de sucesso pode estar, em breve, nas suas mãos, o Oscar. Porém, seu símbolo de sucesso, tem um preço muito maior para nosso povo. Por isso, ofereço uma estatueta diferente, a do nosso herói. Omama é o criador e guerreiro da Amazônia e do povo Yanomami. Omama simboliza proteção. Mas até Omama precisa de aliados na luta contra o ouro ilegal e seu custo pro nosso povo e pra nossa terra”.
E destaca: “Na sua cultura, ouro significa sucesso. Para o meu povo, para a floresta e as criaturas que ainda restam na Amazônia, significa morte e destruição”.
Junior pede que os artistas usem sua visibilidade e projeção para ajudar a combater esse grave problema – que também afeta outras etnias no Brasil, como os Munduruku e os Kayapó.
Engajamento esperado
“Todos os participantes dessa premiação podem e já ajudaram muitas vezes a moldar o comportamento do mundo. Eles precisam saber qual é o custo real do ouro ilegal e ajudar a espalhar essa mensagem, para que possamos ver mudanças”, finaliza o líder Yanomami.
A mensagem será enviada diretamente para Angela Bassett, Jamie Lee Curtis, Kerry Condon, Stephanie Hsu, Hong Chau, Brendan Gleeson, Judd Hirsch, Brian Tyree Henry, Barry Keoghan, Ke Huy Quan, Brendan Fraser, Colin Farrell, Austin Butler, Bill Nighy, Paul Mescal, Andrea Riseborough, Cate Blanchett, Michelle Willias, Ana de Armas e Michelle Yeoh.
Durante a cerimônia, a campanha vai conduzir os artistas e o público presente e que acompanha a transmissão de diversas partes do mundo, a consultar uma calculadora digital (no site) que revela o impacto ambiental e social de cada grama de ouro ilegal para a Floresta Amazônica e o povo Yanomami. “É preciso repensar o valor do seu ouro”.
Quem será que, entre os ‘oscarizados’, apoiará a campanha Yanomami em suas redes sociais? Há grande expectativa que, ao receberem a estatueta alternativa, todos publiquem fotos para apresentar a divindade Omama e tornar público seu apoio ao povo Yanomami.
Impactos do garimpo
Investigações da Polícia Federal apontam que um esquema de contrabando, com base em garimpos ilegais, teria movimentado, desde 2020, 13 toneladas de ouro, num total de R$ 4 bilhões. E que, em 2021, 54% do ouro comercializado no Brasil tinha indícios de ilegalidade em sua origem.
Principalmente nos últimos quatro anos, com o governo Bolsonaro, a exploração ilegal se intensificou na Terra Indígena Yanomami (TIY), causando a contaminação de rios e peixes por mercúrio e o desmatamento das matas, que são as fontes de alimento dos indígenas, causando desnutrição e sérios impactos neurológicos em adultos e crianças.
Os garimpeiros ainda levaram doenças como malária e covid-19 e muita violência. Os estupros de meninas, adolescentes e mulheres tornaram-se constantes, como também a cooptação de jovens e o assassinato de lideranças.
Agora, assista ao vídeo com o líder Yanomami Junior Hekurari:
Foto: reprodução do vídeo