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ONG faz campanha pela volta do peixe-boi Tico ao Brasil

ONG faz campanha pela volta do peixe-boi Tico ao Brasil

*Texto atualizado em 25/06/23
Há poucos dias a equipe da Aquasis anunciou que os governos do Brasil e da Venezuela se mostraram favoráveis à volta de Tico ao país e já iniciaram o planejamento de todas as etapas da operação, que deve acontecer com maior brevidade possível.
Segue abaixo o texto original da reportagem.

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Em setembro do ano passado escrevi aqui no Conexão Planeta sobre a incrível aventura de Tico, o peixe-boi solto no litoral do Ceará que nadou mais de 4 mil km até o Caribe. Ele era ainda recém-nascido quando foi encontrado encalhado numa praia do estado nordestino em 2014. Após sete anos de cuidados e treinamento, em julho de 2022, foi devolvido à vida livre. Mas o problema é que ele seguiu nadando, nadando, nadando…

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Através de um transmissor de rádio e GPS instalado na cauda de Tico a equipe da organização Aquasis, responsável por sua reintrodução, conseguiu monitorá-lo ao longo do caminho. Quase no final de agosto descobriu-se que ele tinha passado pelo Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago e finalmente, à costa da Venezuela. Para surpresa de todos, ele ainda estava vivo.

Foram feitos então contatos com pesquisadores locais para que fosse planejado um resgate urgente de Tico. A espécie vive em águas costeiras e havia temor que ele não sobrevivesse tanto tempo em alto-mar.

Tico foi levado para um aquário particular para passar por quarentena e receber os primeiros cuidados após a longa jornada, e depois transferido Parque Zoológico y Botánico Bararida, na cidade de Barquisimeto. Começou-se aí uma mediação da Aquasis com as autoridades venezuelanas para trazer o peixe-boi de volta ao Brasil.

Na época, os biólogos da ONG explicaram que Tico precisava voltar ao país porque as populações mais próximas de onde ele está possuem características genéticas diferentes e possivelmente pertencem a outra espécie, diferente da encontrada por aqui. “Dessa forma, uma reprodução entre estes animais de populações ou até mesmo espécies diferentes poderia acarretar em efeitos deletérios a médio prazo para os peixes-bois locais”.

Quase dez meses depois, o peixe-boi continua na Venezuela. E a Aquasis iniciou uma campanha para tentar fazer com que o governo federal ajude no processo de devolução do Tico ao Brasil. Só com uma autorização do Ibama é que ele poderá ser retornado. E o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Ministério das Relações Exteriores, precisa também entrar em contato com as autoridades venezuelanas.

A Aquasis ressalta que o objetivo é realizar um novo processo de soltura de Tico no Brasil. Entretanto, ele completa 9 anos em outubro e a recomendação é que a reintrodução da espécie seja feita em animais de até dez anos.

“Essa pode ser a última chance de Tico voltar à natureza, que é o seu lugar”, diz a campanha da Aquasis.

A incrível aventura de Tico: o peixe-boi resgatado duas vezes, que foi solto no litoral do Ceará e nadou mais de 4 mil km até o Caribe

Tico: são e salvo, ao lado da equipe que o resgatou na Venezuela em 2022
(Foto: divulgação Aquasis)

O peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) é considerado o mamífero aquático com maior grau de ameaça de extinção no Brasil. Extremamente dócil, ele chega a medir 4 metros de comprimento e pesar até 800 kg. Herbívoro, se alimenta de algas marinhas e folhas de mangue, e ainda de uma planta chamada capim-agulha, daí ter recebido o nome popular de peixe “boi”.

Entre suas principais ameaças estão a captura acidental em redes de pesca, perda de habitat e a ocupação costeira desordenada. 

ONG faz campanha pela volta do peixe-boi Tico ao Brasil

Tico encalhado na Praia das Agulha, município de Fortim, no ano de 2014
(Foto: Acervo Aquasis)

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Foto de abertura: divulgação campanha Aquasis

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