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Olha o passarinho!

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Logo após a invenção da máquina fotográfica, a expressão que usei no título foi adotada pelos profissionais como artifício para manter a atenção das pessoas na hora do clique. Para que a luz fixasse a imagem no filme fotográfico, o fotografado deveria ficar imóvel por alguns minutos diante da câmera. Para conseguir seu intento, os fotógrafos adotavam um “truque”: mantinham pequenos pássaros empalhados ou feitos de metal – ah, sim, alguns chegaram a usar pássaros vivos! – presos logo acima da lente. Daí seu uso corriqueiro.

Há muito que a famosa frase não é usada com esse intuito, mas continua a ser pronunciada pelos amantes da natureza e observadores de aves, também ótimos fotógrafos.

A observação de aves – ou birdwatching – é uma prática muito disseminada pelo mundo e também muito conhecida dos brasileiros. Para ser mais preciso, os índios ensinaram tudo sobre as aves para os primeiros portugueses que chegaram aqui. Não é à toa que nosso país foi chamado por eles de Terra dos Papagaios, nesse período.

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Mas foi só em 1974 – quando Flávio Silva, Walter Voss e um grupo de interessados pelo tema criaram o primeiro clube de observadores, em Gramado/RS, inspirados pelo legado de William Belton, ex-cônsul americano e grande entusiasta da observação de aves –, assim, a prática começava a se disseminar por aqui.

Nos últimos anos, a internet e o acesso às câmeras digitais impulsionaram a atividade transformando-a em um dos passatempos mais populares do mundo e também em nosso país. No Brasil, existem nada menos que 1901 espécies de aves, 270 delas endêmicas, ou seja, que não existem em nenhum outro lugar do planeta.

A atividade cresce exponencialmente. Observadores de aves de todo o mundo (eu incluído) se comunicam diariamente pela internet, compartilham fotos, trocam informações e se reúnem em expedições.

Acredito que um dos motivos da popularidade dessa prática é o fato de que ninguém precisa ser especialista em aves para aderir. No início, alguns observadores sabiam muito pouco ou quase nada a respeito de aves. Então, tudo pode começar pela curiosidade, por hobby apenas.

O que importa é ter amor pelas aves e facilidade para fazer amigos e trocar informações. Para um observador entusiasmado nada é mais excitante do que ver, pela primeira vez, uma ave e comemorar com outros praticantes. Dessa forma, o conhecimento e a rede se ampliam rápido.

E para encontrar outros apaixonados por aves basta um busca na internet. Há dezenas de grupos organizados em redes sociais que reúnem milhares de observadores. Também não faltam clubes de observação de aves espalhados por todo o país e um deles pode estar mais perto do que você imagina.

A associação da prática de observação de aves com outras atividades de lazer como fotografar, caminhar e viajar, é outro fator que impulsiona seu crescimento. E mais: não há limite de idade, o que ainda pode facilitar a adesão de famílias.

Para quem é adepto da filosofia “mente sã, corpo são”, esta é uma atividade perfeita já que os observadores de aves exercitam sua memória ao tentar descobrir a qual espécie pertence determinado canto, ao mesmo tempo em que exercitam seu corpo pelas trilhas em meio à natureza.

Com o tempo, há praticantes que se tornam exímios colecionadores de encontros, fotos e sons de espécies – tão preciosos quanto figurinhas raras.

Para o observador iniciante poder avançar, o ideal é ter um bom livro-guia de identificação de aves. Existem bons guias básicos na faixa de R$ 50 como o belo Aves do Campus da Unicamp, lançado pelos ornitólogos Dr. Ivan Sazima e Dr. Wesley Silva, ou guias em formato digital e gratuitos como o Guia de Aves Mata Atlântica Paulista, produzido pelo WWF-Brasil.

Além de livros para consulta, é interessante ter um binóculo já que ele pode ajudar a observar um pouco mais de perto uma ave mais tímida ou aquelas que costumam pousar nos galhos mais altos das árvores.

Então, vamos lá? Para começar, basta olhar, observar e admirar, prestar um pouco mais de atenção nos Sábias das praças, nos Pardais dos telhados e nos lindos Bem-te-vis que alegram nossas cidades.

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Fotos: José Moutinho e Sandro Von Matter

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