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Oceanos têm absorvido 60% mais calor da atmosfera do que cientistas acreditavam antes

Oceanos têm absorvido 60% mais calor da atmosfera do que cientistas acreditavam antes

Os oceanos prestam um serviço invisível para os olhos dos seres humanos e fundamental para a nossa sobrevivência na Terra. Assim como as florestas absorvem o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, gás apontado como sendo o principal responsável pelo aquecimento global, os oceanos absorvem o calor, liberado pela queima dos combustíveis fósseis, que fica aprisionado na superfície terrestre.

Infelizmente, este serviço ambiental faz com que as águas dos mares do planeta se aqueçam e provoquem não só desequilíbrio na vida marinha, mas também, o aumento do nível do mar, uma ameaça para cidades costeiras do mundo todo.

Apesar do aquecimento dos oceanos não ser novidade para os cientistas, um novo estudo revelou que o volume de calor absorvido é muito superior ao que se imaginava anteriormente.

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Em artigo científico publicado na revista Nature, pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, afirmam que, por ano, os oceanos têm retirado da atmosfera 60% mais calor do que pensava.

Ao longo dos últimos 25 anos, os oceanos extraíram da atmosfera uma quantidade de calor 150 vezes maior do que a energia produzida pelo homem como eletricidade anualmente.

O estudo, feito em parceria com o também americano Scripps Institution of Oceanography da Universidade de California-San Diego, sugere que a Terra pode ser mais sensível às emissões de gases de efeito estufa do que se pensava, como por exemplo, um dos relatório elaborados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) sobre o aumento da temperatura dos oceanos.

“Imagine se o oceano tivesse apenas 9 metros de profundidade, nossos dados mostram que ele teria aquecido 6,5oC a cada década desde 1991. Em comparação à estimativa do último relatório de avaliação do IPCC corresponderia a um aquecimento de apenas 4oC a cada década”, explica Laure Resplandy, professora de Geociências e principal autora do artigo,

Segundo os cientistas, os oceanos “chupam” aproximadamente 90% de todo o excesso de energia produzido pelas atividades humanas, então, ao ter uma estimativa real desse volume torna-se mais fácil calcular o quanto a superfície da Terra está realmente aquecendo.

No passado, as estimativas eram baseadas em testes feitos com amostras de água em vários pontos dos oceanos. Entretanto, especialistas apontam falhas nesse método. Atualmente a medição é realizada por uma rede de sensores robóticos, chamados de Argo, que monitoram não apenas a temperatura, mas também, a salinidade dos mares do planeta (a concentração de sal pode variar conforme a temperatura da água). Além disso, são analisadas ainda gases presentes na atmosfera.

A divulgação do estudo acontece justamente pouco após os mais importantes cientistas do clima do mundo afirmarem, no mais recente relatório do IPCC, que mudanças urgentes e sem precedentes são necessárias para evitar o desaparecimento de ecossistemas e proteger o bem-estar da população do planeta, conforme mostramos aqui, neste outro post.

Para eles, não há mais tempo a perder. “Limitar o aquecimento global a 1,5oC requer mudanças urgentes e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade, com benefícios claros para as pessoas e os ecossistemas naturais”, alerta o relatório. 

*O artigo “Quantification of ocean heat uptake from changes in atmospheric O2 and CO2 composition” pode ser lido na íntegra aqui.

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Foto: domínio público/pixabay

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Sandra
Sandra
6 anos atrás

Isso porque não temos absorvido o mesmo percentual de responsabilidade e vergonha na cara quando se trata de preservar o meio ambiente, apesar de tanta informação e comprovação científica à respeito; portanto muito compreensível que pipoquem na natureza, aqui e ali, os resultados seculares impactantes de nossas ações nefastas e omissões adversas, de terráqueos muito preocupados em usurpar sem repor, em desmatar sem replantar, vomitando nos mares todo o lixo das cidades, consumindo o supérfluo e acumulando o desnecessário, gozando e usufruindo bens perecíveis como se fossem eternos, na clara demonstração de que, se ainda existe vida na Terra, é por sua conta e risco (dela) mas não para sempre, quem sabe só até amanhã de manhã, se Deus quiser ou não.

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