Nidunelia rodrigoana: esse foi o nome científico escolhido para batizar a nova espécie de bromélia descoberta no Parque Estadual dos Três Picos, em Friburgo, na Região Serrana do Rio de Janeiro. Ele é uma homenagem ao guarda-parque, conservacionista e fotógrafo de natureza, Rodrigo Freitas, que se deparou com a planta e logo percebeu que, por suas características, ela poderia ser ainda desconhecida para a ciência.
“Tive sorte em fazer o primeiro registro da planta com flor e a haste floral e inflorescência. Elas eram diferentes de tudo que eu já havia visto, mas continham elementos muito próximos de outras espécies, o que me deixou muito curioso”, relembra ele.
A bromélia, que tem as flores em tons de rosa e roxo, foi encontrada a cerca de 1.600 metros de altitude. O Parque Estadual dos Três Picos é uma Unidade de Conservação (UC), com uma enorme quantidade de espécies endêmicas, ou seja, que só existem ali e em nenhum outro lugar do mundo.
Rodrigo conta que assim que levantou-se a possibilidade da planta ser uma nova espécie, foram coletados dois exemplares. “Como a floração já havia passado, foi necessário aguardar que as duas plantas jovens coletadas, florissem. Após isso, foram feitas novas fotografias e recolhido material genético para análise.”
Foram três anos entre a primeira observação da bromélia, em 2021, até a sua descrição, agora em 2024, feita através de artigo científico pelo botânico Elton Leme. A planta é um híbrido natural entre duas outras espécies, a Nidularium antoineanum e a Quesnelia lateralis.
Há dez anos Rodrigo faz pesquisa botânica da flora de montanha na região de Friburgo. “Já inventariei cerca de 600 plantas”, diz ele, que atualmente está no terceiro ano do curso de Ciências Biológicas.
Para o guarda-parque, a descrição da nova bromélia do Parque Estadual dos Três Picos é mais um indicador da importância da criação de áreas de proteção. “Descobrir uma nova espécie dentro do parque só reforça a necessidade de preservarmos as nossas áreas remanescentes de Mata Atlântica, pois mostra que, apesar deste ser o bioma mais estudado do Brasil e o Rio de Janeiro ser o estado onde mais se pesquisou plantas ao longo da história do país -, ainda se tem muito a descobrir e a conhecer.”
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Foto de abertura: Rodrigo Freitas