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Figurino e cenário de ópera encenada no Festival de Música de SC são produzidos com 500k de materiais reaproveitados

Atualizado em 30/1/2022

A ópera ‘As Bodas de Fígaro’, de Wolfgang Amadeus Mozart, apresentada no Festival de Música de Santa Catarina (FEMUSC) em 28 de janeiro, ganhou cenário e figurinos muito especiais, idealizados por Márcio Paloschi, que trabalha nessa área há 25 anos, os três últimos no festival (assista ao espetáculo no final deste post).

cenário foi ‘construído’ com sobras de tecidos utilizados na fabricação de chapéus e roupas e também com um tecido sintético de alta tecnologia usado em paraglide (equipamento de voo livre). 

Márcio Paloschi mostra o tecido sintético de paraglider reutilizado para compor o cenário do musical (veja como ficou nas duas primeiras fotos)

Chapéus foram produzidas com o plástico de garrafas pet de cinco litros e feltro usado. Já as sobras de PVC – usadas em expositores de produtos em gôndolas de supermercado – se transformaram em cachos, tão marcantes no período em que se passa a história.

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Garrafas pet de cinco litros foram transformadas em chapéus
Com PVC usado em expositores de gôndolas de supermercados Paloschi criou cachos para as perucas usadas pelos membros da orquestra, como se pode ver pelas duas imagens abaixo
Ao centro, maestro Ricardo Kanji (com chapéu de feltro e plástico e peruca de PVC, professor do Conservatório Real de Haia por 12 anos, e membro fundador da Orquestra do Século XVIII e do coro e orquestra Vox Brasiliensis.

Esses materiais – 500 quilos! – foram doados para o festival por sete empresas da indústria e do comércio da cidade de Jaraguá do Sul, que têm um olhar responsável para o descarte e, por isso, estão sempre atentos ao destino de todos os materiais envolvidos em sua produção. 

Para criar as vestimentas – vestidos, calcas, capas, casacos… – Paloschi lançou mão da técnica de upcycling e desenvolveu novas peças com peças antigas do acervo ou doadas, “sem desintegrá-las”. Assim, longas saias confeccionadas para espetáculos anteriores transformaram-se em capas sobrepostas aos fartos vestidos, por exemplo.

Upcycling: Paloschi exibe a saia utilizada em espetáculos anteriores transformada em capa; na foto abaixo, ela veste a personagem

Criatividade e consciência

“Sempre faço pesquisas de esgotamento dos materiais, ou seja, estudo o produto e imagino todas as possibilidades de uso. Descaracterizo o que já foi aproveitado e dou outro sentido ao material. Cada peça é um ecossistema criativo e sustentável”, declara o figurinista.

Assim, ao mesmo tempo em que busca inovar, Paloschi sabe da importância de reutilizar, reaproveitar e transformar o que já existe. Não é pra menos: “Na minha formação, participei por muitos anos de congressos de Educação Ecológica em minha terra natal, Ibirubá, no Rio Grande do Sul. E, no decorrer do tempo, fui me aproximando, por meio de pesquisas e estudos, da economia criativa e circular e da ressignificação de objetos e de tecidos”.

E, como o figurinista e cenógrafo destaca, “a economia circular não para por aqui”. Após o espetáculo, parte do material utilizado na ópera foi doado para uma escola de samba do Rio Janeiro e para uma ONG de Jaraguá do Sul que produz enxovais para crianças que vivem nas comunidades. 

Agora, assista à ópera ‘As Bodas de Fígaro’ no canal da FEMUSC no YouTube, abaixo (vá direto para 1h30 do vídeo):

Fotos: FEMUSC/Divulgação

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