O movimento feminista contempla diferentes vertentes e comporta diversas interpretações. Dentro de um movimento tão heterogêneo, às vezes é necessário estabelecer premissas que estabeleçam essas diferenças e possibilitem um tratamento equânime e justo de cada uma das demandas.
Essa linha de pensamento pressupõe que dentro de um movimento social como o feminismo é uma falácia considerar que todas as mulheres se encontram oprimidas em igual intensidade. Isso porquê devem ser considerados os recortes de raça e classe, que influenciam substancialmente a condição da mulher na sociedade.
Uma mulher negra que vive na periferia sofre, além do machismo e do racismo, limitação de oportunidades e liberdade de escolha em um grau essencialmente maior do que uma mulher branca de classe média. Isso se prova pelas estatísticas referentes à violência doméstica, feminicídio e encarceramento feminino. Mulheres negras são sempre maioria dentre as vítimas.
Para dar voz e, sobretudo, honrar as histórias inspiradoras de mulheres negras, Renata Martins idealizou o Empoderadas, uma websérie que tem por objetivo “ampliar a representação e representatividade de mulheres negras, tanto diante, quanto por trás das câmeras, em todas as etapas de produção”.
Até agora, a primeira temporada contou com 14 episódios contando trajetórias inspiradoras e um dos mais acessados conta a história da Mc Sofia e retrata toda a lucidez, consciência e talento que a garotinha já carrega no alto dos seus 11 anos.
Através desse projeto, Renata consegue estabelecer uma profunda conexão entre mundos diferentes e trazer pros holofotes mulheres negras inspiradoras, cheias de energia e empoderadas, capazes de ressignificar o senso comum e instigar as pessoas e reverem conceitos, quebrarem paradigmas e enxergarem semelhanças onde antes só havia desconhecimento.
São mulheres como a Renata, a Mc Sofia e tantas outras personagens do Empoderadas que reafirmam a importância da equidade de gênero sem se esquecer do peso que é carregar um histórico cultural e social de opressão, discriminação e escravidão, que ainda insiste em ditar padrões e preconceitos que em pleno 2016 precisam ser repreendidos.
Já passou do tempo de honrar nossa história, nossa influência e nossa ancestralidade e reconhecer que é responsabilidade de todas nós, individualmente, desconstruir esse legado para construir um novo.
Renata, a você toda a minha gratidão por me ensinar tanto em tão pouco tempo e o meu desejo que de em breve o mundo seja mais povoado de mulheres assim como você. Simplesmente EMPODERADAS.
Foto: Felipe Brescancini