
Assim como eu, provavelmente você aprendeu que o ciclo de vida dos sapos começa nos ovos das fêmeas depositados na água ou em locais úmidos, o desenvolvimento do girino e posteriormente, sua evolução para o sapo jovem. Mas não é assim que nascem os sapinhos de três novas espécies descobertas na Tanzânia: eles já vêm ao mundo prontos!
Em vez de colocar ovos que eclodem em girinos, as fêmeas dessas três espécies, pertencentes ao gênero Nectophrynoides, os carregam dentro do corpo, o que as torna “um dos raríssimos anfíbios no mundo capazes de fertilização interna e parto vivo verdadeiro”, afirmam os pesquisadores da Universidade de Copenhague (Dinamarca), envolvidos na descrição desses sapos-arborícolas africanos.
“É sabido que os sapos se desenvolvem a partir de girinos — é um dos paradigmas clássicos da metamorfose na biologia. Mas as quase 8 mil espécies de sapos, na verdade, apresentam uma grande variedade de modos reprodutivos, muitos dos quais não se assemelham em nada àquela famosa história”, diz Mark Scherz, curador de herpetologia do Museu de História Natural da Dinamarca e coautor do estudo que relata a descoberta.
Ele esclarece que já se sabia de outras espécies que não produziam girinos e sim, filhotes prontos. A maioria delas – que são poucas, menos de 1% entre sapos, rãs e pererecas – é encontrada na América do Sul e no sul da Ásia.
Para além de sua forma diferenciada de reprodução, os cientistas ressaltam que as novas espécies são observadas em pequenas e fragmentadas áreas de distribuição, em florestas de montanhas da Tanzânia, que sofrem desmatamento, impactos da mineração e das mudanças climáticas, por esta razão, elas estão ameaçadas de extinção.
“Se perdermos essas florestas, perderemos uma das formas mais incomuns de reprodução de anfíbios que se conhece. E somente continuando a explorar essas áreas pouco conhecidas e a protegê-las, poderemos obter uma visão mais completa da diversidade que elas abrigam e garantir que ela esteja disponível para as futuras gerações estudarem”, alerta Simon Loader, curador de vertebrados do Museu de História Natural de Londres e coautor do estudo.

Foto: Michele Menegon
Segundo um estudo divulgado em 2023, cerca de 40% de todas as espécies de anfíbios do planeta estão em risco de extinção, consideradas criticamente ameaçadas, em perigo ou vulneráveis (saiba mais aqui).

Foto: Michele Menegon
*Com informações dos sites Phys.org e Eureka Alert
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Foto de abertura: John Lyarkurwa



