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Imagens e vídeos de animais gerados por IA são prejudiciais à conservação, alertam especialistas

Imagens e vídeos de animais gerados por IA são prejudiciais à conservação, alertam especialistas

Provavelmente você já se deparou com algumas dessas imagens ou vídeos nas redes sociais. Muitos parecem reais e sempre bate aquela dúvida: será que foram criados com inteligência artificial (IA)? A tecnologia está tão aprimorada atualmente que é difícil diferenciar realidade de ilusão. Há um post circulando pelo Instagram, por exemplo, que mostra um leopardo pulando sobre a cerca de um quintal onde uma criança brinca, que rapidamente é atacado por um gato. A mãe então corre para salvar o filho (assista ao final deste texto). Mais de 1 milhão de pessoas já curtiram a postagem e outras milhares a repostaram. A cena é falsa.

Assim como este vídeo, há outros milhares circulando pelas redes sociais mostrando situações improváveis com animais selvagens – aves protegendo os filhotes da chuva (como na imagem em destaque acima), coelhos e veados pulando em trampolins. E para um grupo de especialistas, que analisou dezenas deles, divulgados em plataformas como Instagram, Facebook, TikTok e X, o uso de IA com esse propósito cria confusão e é prejudicial à conservação.

“Essas imagens e vídeos refletem características, comportamentos, habitats ou relações entre espécies que não são reais. Por exemplo, vemos predadores e presas brincando. Mostram-nos animais com comportamentos humanos que estão muito longe da realidade”, explica José Guerrero-Casado, pesquisador da Universidade de Córdoba, na Espanha. “O vídeo da criança brincando no quintal, aquele que mostra o leopardo, prejudica a conservação de uma espécie como essa, já que você nunca a encontrará nessa situação”, ressalta.

Suposto vídeo que mostra coelhos em pula-pula foi produzido com IA
Imagem: reprodução internet

Distorção da realidade, frustação e desconexão com a natureza

Ao lado de outros colegas, Guerrero acaba de publicar um artigo científico no jornal internacional Conservation Biology, em que se faz um alerta sobre as ameaças à conservação decorrentes de imagens e vídeos da vida selvagem gerados por inteligência artificial.

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“Já existe um distanciamento total entre os cidadãos e a vida selvagem, o que é particularmente evidente entre crianças pequenas. Esses vídeos criam falsas conexões com a natureza, já que espécies vulneráveis ​​parecem mais abundantes neles, e isso é negativo para a conservação”, afirma Rocío Serrano, uma das coautoras da análise.

Para ela, esses vídeos provocam ainda frustração entre os mais jovens. “Se as crianças pequenas passeiam pela natureza e não encontram esses animais com características e comportamentos mais carismáticos ou mágicos, o efeito em termos de conexão é o oposto”, enfatiza.

Outro exemplo de imagem gerada por IA encontrada
nas redes sociais
Foto: reprodução internet

O grupo reforça que esse tipo de conteúdo promove uma distorção da realidade, sobretudo entre as crianças ou aqueles com pouco conhecimento da fauna silvestre. No começo da vida, muito daquilo que retem em nossas memórias é a partir de imagens.

O vídeo abaixo, por exemplo, parece fofo, contudo, é mais um caso de conteúdo criado com IA, que dissemina um pretenso comportamento de animais que não existe.

 
 
 
 
 
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Conhecimento para combater a desinformação

Outro ponto preocupante levantado pelos pesquisadores espanhóis é eles servem também como combustível para o tráfico de animais silvestres. “Estamos diante de outro problema sério: a demanda por espécies exóticas como animais de estimação“, diz Tamara Murillo.

Segundo a pesquisadora, a imagem de que algumas espécies são dóceis e carismáticas faz com que mais e mais pessoas queiram tê-las em casa.

Em seu artigo, o grupo ressalta que é essencial que sejam criadas ferramentas de amplo acesso para que os internautas possam se certificar se esses conteúdos são reais e que escolas ofereçam para seus estudantes mais informações sobre a vida selvagem.

“É muito importante, por exemplo, que introduzir o conhecimento ambiental nos currículos escolares, esclarecendo conceitos como nativo, o que é uma espécie exótica e garantindo que as crianças entendam desde cedo que os leões só existem na África”, recomenda Sánchez.

 
 
 
 
 
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Foto de abertura: reprodução internet

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