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Morre Kiska, ‘a orca mais solitária do mundo’ e a última a viver em cativeiro no Canadá

Kiska tinha 47 anos. Vivia em cativeiro desde 1979, quando foi capturada em águas islandesas aos dois anos. Chegou três anos depois ao parque temático de Marineland, em Niágara Falls, na província de Ontário, no Canadá. 

Teve cerca de 20 companheiros de aquário e deu à luz a cinco bebês, que não sobreviveram, morrendo antes de atingirem sete anos. Tragédias sucessivas que marcaram sua vida.

Desde 2012 – quando seu último companheiro morreu – vivia sozinha num tanque e, por isso, foi chamada pela PETA, organização internacional de defesa dos animais, de “a orca mais solitária do mundo”

Era também a última orca em cativeiro no país. Uma lei aprovada em 2019 no Canadá proíbe que baleias, orcas, botos e golfinhos sejam mantidos em cativeiro. Sua violação pode acarretar multa de cerca de 190 mil dólares.

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Mas, então, por que Kiska continuou presa? Porque a nova lei não abrange animais que já estavam nessas condições e que, portanto, podem continuar presos.

Segundo a direção do parque, ela morreu em 9 de março devido à infecção bacteriana

Saúde debilitada

Há meses ela estava doente e, por isso, seguia sob supervisão da equipe médica do parque durante 24 horas por dia. A vida em cativeiro levou à deterioração de sua saúde física e mental. 

Segundo a organização canadense Animal Justice (Justiça Animal), nos últimos dez anos, a situação de Kiska ganhou manchetes pelo mundo devido aos vídeos que mostravam a orca ‘flutuando apática em um tanque de concreto estéril e, às vezes, batendo seu corpo contra a parede do tanque” (veja vídeo no final deste post). 

A ONG lutou por Kiska por mais de uma década: apresentou queixas legais, exigindo que Marineland fosse investigada e processada por manter a orca em condições inadequadas e ilegais que lhe causaram tanto sofrimento. 

Em 2015, a Animal Justice ajudou a aprovar a lei que proíbe a manutenção de orcas em Ontário e, quatro anos depois, também participou da batalha que levou à proibição nacional de cativeiro desses animais, como já contei acima.

Desde janeiro de 2020, Marineland foi alvo de mais de 160 auditorias para assegurar o cumprimento da lei e das normas de bem-estar dos animais sob sua responsabilidade, entre eles Kiska.

Não faltaram apelos de organizações e ativistas e mobilizações populares por sua libertação. É certo que Kiska não tinha habilidades para viver em mar aberto, mas poderia passar o resto de sua vida de forma mais natural e saudável num santuário de baleias.

Em janeiro, mais de 560 mil pessoas assinaram uma petição online para que o parque libertasse Kiska. Em vão.

Inspiração

Em seu Instagram, o ex-adestrador e ativista Phil Demers escreveu: “Grato esta manhã pelos ativistas que lutaram por Kiska, a última orca de Marineland, até seu último suspiro”. 

E acrescentou: “Não conseguimos salvá-la, mas seu legado de inspirar grandes mudanças continua vivo. A morte dela não é em vão. A história dela será contada. Nós nunca desistiremos!”. 

Na mesma rede social, a organização Urgenseas comunicou que Kiska foi enterrada no parque. “Este, infelizmente, é o seu lugar de descanso. Que ela descanse em paz!” (assista ao vídeo). 

Petição e inquérito

Em nota pública, divulgada logo após a notícia da morte da orca amada, a Animal Justice declarou: “As orcas são animais incrivelmente sociais, mas Kiska já não tinha ninguém ao seu lado há tempos e sofria de uma solidão agonizante, bem como da falta de espaço e estímulo mental em seu pequeno tanque estéril”.

E convocou todos a assinarem a petição online, que está publicada em seu site e será anexada a um processo criminal: 

“Kiska merece justiça pelo que ela suportou. A Animal Justice está pedindo às autoridades de Ontário que tornem públicos os resultados da autópsia e processe Marineland pelo sofrimento que Kiska claramente experimentou ao longo de seus últimos anos. Assine a petição (link) para adicionar seu apoio!”.

Abaixo, veja post da Animal Justice, no Twitter, em que Krisca aparece batendo com o corpo na parede do tanque onde vivia. Muito triste!

Foto (destaque): Divulgação/Marineland

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Ana maria Agra
2 anos atrás

Muito deprimente isso e esses eventos acontecem há anos. Eu já vi uma dessas apresentações no Sea world na Flórida, em 1984

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