
Infelizmente, assim como outros animais tirados da natureza e usados para “entreter” os seres humanos, o chimpanzé Black não teve uma vida feliz. Ainda jovem foi levado para um circo e algum tempo depois para um zoológico. Em 1979, após ser picado por um escorpião, acabou sendo encaminhado para o Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros de Sorocaba, no interior paulista. Viveu lá por 40 anos, mas nos últimos oito completamente sozinho porque sua companheira, Rita, morreu em 2011.
Finalmente em maio de 2019, depois de várias batalhas jurídicas, Black foi transferido para o Santuário de Grandes Primatas, também em Sorocaba. Mas no sábado, 06/02, o chimpanzé faleceu. Estima-se que ele tinha 50 anos.
Black teve uma parada cardiorrespiratória. Poucos dias antes, seus cuidadores notaram que ele não parecia bem. Estava com dificuldade para andar e parecia apático. Foi então medicado e estava planejada a realização de um check up completo de saúde sob anestesia.
A notícia de sua morte foi compartilhada pelo Santuário dos Grandes Primatas em suas redes sociais:
“Black se adaptou ao Santuário rapidamente e era muito sociável. Não gostava de ficar sozinho. Desfrutou esses quase dois anos da companhia da chimpanzé Dolores, em plena harmonia. Gostava de andar por todo o recinto, túneis e casinhas, além de acompanhar a vida dos grupos de chimpanzés vizinhos.
Descanse em paz, querido Black. Sua história nunca será esquecida“.

Black e Dolores, sua companheira nos últimos anos de vida
De acordo com a ONG Olhar Animal, o processo na justiça que discutia a tutela do chimpanzé ainda estava em andamento e o zoológico de Sorocaba seria o mesmo onde recentemente faleceu a elefanta asiática Haisa. Por causa de sua morte, o Ministério Público de São Paulo recomendou que seu companheiro, o elefante Sandro, seja transferido para o Santuário de Elefantes Brasil, no Mato Grosso.
O Santuário de Grandes Primatas de Sorocaba é afiliado ao Projeto GAP, um movimento internacional cujo objetivo maior é lutar pela garantia dos direitos básicos à vida, liberdade e não-tortura dos grandes primatas não humanos – chimpanzés, gorilas, orangotangos e bonobos, os parentes mais próximos do ser humano no mundo animal.
Os primatas compartilham 98% do DNA humano, por isso, são tão importantes para o entendimento da evolução de nossa espécie na Terra. E são também fundamentais para a biodiversidade do planeta.
Chimpanzé: espécie em risco de extinção
Os chimpanzés (Pan troglodytes) medem em torno de 1 metro de altura. Na natureza, o macho pesa entre 34 e 70 kg e a fêmea de 26 a 50 kg. Possuem braços extensos e pernas mais curtas, têm mãos e dedos longos, mas um polegar pequeno e delgado.
Na vida selvagem, passam a maior parte do tempo no topo das árvores, em grupos que podem ter até 100 indivíduos. São seres extremamente sociáveis. Cuidam e protegem seus filhotes.
No solo, caminham sobre as quatro patas, mas podem andar como os bípedes. Têm uma enorme habilidade para escalar árvores. Os chimpanzés se alimentam de frutas, sementes, folhas, flores e insetos.

Um chimpanzé vive, em média, 50 anos
Segundo a Lista Vermelha, da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), que avalia as condições de sobrevivência de milhares de espécies de animais e plantas no planeta, o chimpanzé é considerado em perigo, ou seja, uma espécie que possui grande chance de entrar em extinção na natureza.
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Fotos: divulgação Projeto GAP e pixabay/domínio público
Black não morreu, nem poderia, após ter conhecido o lado bom da espécies humana, retribuindo com alegria a bênção recebida. Partiu refletindo nas mãos que o alimentaram, abnegadas mãos sem correntes nem chicotes nelas. Viajou levando o amor que recebeu, para contar à Rita sobre ele, quanto é importante e quanto vale a pena, ainda que deixando para Dolores e seus amigos humanos, tamanha saudade.
Eu amo Sandra