
Aura nasceu em 2002 no Parque Nacional de Doñana, na região de Andaluzia, na Espanha. A fêmea de lince-ibérico (Lynx pardinus) vinha se juntar a uma população da espécie que não chegava a 100 indivíduos e que estava a poucos passos da extinção. Para que o único grande mamífero carnívoro endêmico da Península Ibérica e o mais ameaçado da Europa não desaparecesse por completo, iniciou-se então um programa de reprodução ex-situ, ou seja, fora de seu ambiente natural.
Com apenas 3 meses, Aura foi levada então para o Centro de Cría del Lince Ibérico El Acebuche, onde ela viveu durante os últimos 20 anos até falecer agora. Na vida selvagem, a espécie chega aos 14 ou 15 anos, o que significa que ela teve uma longa e saudável existência.
Todavia, mais do que isso, Aura foi fundamental para ajudar no aumento da população dos linces-ibéricos. Ao longo das últimas duas décadas, ela teve nada menos do que 14 filhotes e seus genes estão presentes em mais 900 desses felinos.
Atualmente, graças aos esforços de conservação e ao programa de reprodução em cativeiro há mais de 1.300 linces em centros da Espanha e de Portugal.
“É um legado fenomenal. Ela fez um trabalho maravilhoso”, disse Antonio Rivas, responsável pelo Centro El Acebuche, em entrevista ao jornal The Guardian. “Sempre me lembrarei dela meio rabugenta porque teve que competir com outra lince fêmea, a Saliega, que ficou muito famosa por ser a primeira a ter uma ninhada em cativeiro. Aura teve seus primeiros filhotes anos depois. Apesar de mais agressiva do que Saliega, era um animal magnífico e cuidava lindamente de suas ninhadas”.
Aura ao lado de um dos seus muitos filhotes
O lince-ibérico pesa entre 10 e 13 kg e chega até 1 metro de comprimento. Com pernas longas e uma cauda muito curta com uma ponta preta, possui a pelagem em tom de castanho com manchas escuras, além de uma “barba” característica em volta da cara e tufos de orelhas pretos proeminentes.
A espécie se alimenta principalmente de lebres selvagens e foi por causa da diminuição nos números desses animais, impactados por doenças, que os linces começaram a desaparecer. Um adulto precisa de cerca de um coelho por dia, já para a fêmea criando filhotes a quantidade pode chegar a três.
Todavia, os linces também têm como presas patos, veados jovens e perdizes, caso as densidades de lebres forem baixas.
Outras ameaças ao Lynx pardinus são a caça ilegal, a perda de habitat e atropelamentos.
Aura em registro de 2007
*Com informações adicionais do WWF-International
Fotos: Antonio Rivas Salvador/Centro de cría del lince ibérico El Acebuche/OAPN-MITECO