
Foram 43 dias de aflição para Juliette Wells e Reece Mortensen. No início de março, eles tiveram que entregar a pega australiana (magpie, em inglês), ave que lembra um corvo, para o Departamento de Ambiente, Ciência e Inovação (Desi), de Queensland.
Motivo: pegas não são animais domésticos e só deveriam ser alojadas por seres humanos, temporariamente, para fins de reabilitação. Além disso, o casal não tinha licença para mantê-la.
Sim, qualquer animal silvestre encontrado ferido, sozinho ou em perigo deve ser encaminhado a um órgão ambiental (dependendo do seu tamanho ou espécie, melhor avisar as autoridades para que o resgatem) para ser examinado e receber os cuidados necessários para voltar à natureza.
O fato é que, quando foi entregue às autoridades de Queensland, em Gold Coast, Molly – como foi batizada ainda bebê – vivia feliz com o casal e duas cachorras bull terrier inglesas de Staffordshire, Peggy e Ruby (mãe e filha), há quase quatro anos, numa casa espaçosa, com um amplo jardim, cheio de espaço para voar e muitas árvores para desbravar.
Por isso, a apreensão da ave pelas autoridades – sem nenhuma perspectiva de retorno – deixou todos arrasados. sem saber o motivo de sua ausência, Peggy ficou amuada.
Além disso, Peggy e Molly já haviam conquistado um grande séquito de fãs no Instagram (hoje, às 20h43, eram 846 mil seguidores!), com suas peripécias, brincadeiras, carinhos e sonecas, aninhadas.
Quando Molly aprendeu a latir, imitando Peggy e Ruby, os seguidores deliraram. Na primeira vez, enganou Juliette: “Pensei que fosse Peggy!”, contou ela. Por vezes, a pega australiana late e, em seguida, entoa seu canto melódico e metálico. Um show.

Foto: reprodução/Instagram
A comovente partida de Molly gerou comoção na internet (perfil no Instagram), nas TVs, resultou numa petição de apoio à família (que angariou quase 100 mil assinaturas) e chamou a atenção de políticos locais, entre eles Steven Miles, governador de Queensland.
“Acho que às vezes o bom senso precisa prevalecer e, se você olhar para a história, há uma decisão possível que é melhor”, declarou ele.
Quando Juliette tomou conhecimento de seu apoio, escreveu no Instagram: “Temos o QLD premier nos apoiando. Temos um exército de milhões em todo o mundo a nos apoiar. Temos equipes de TV acampadas à nossa porta. Esta situação explodiu muito maior do que poderíamos imaginar!”. E completou:
“Estes três animais enviaram uma mensagem clara ao mundo sobre amor, aceitação e unidade nas diferenças. […] Usem o exemplo que estes três melhores amigos compartilharam com o mundo, e seu tempo e energia para ajudar a encontrar um resultado positivo para Molly, a famosa Magpie”.
A volta pra casa
Logo após a declaração de Milles, o Departamento de Vida Selvagem do Desi soltou uma nota que dizia que “a ave já está muito habituada com o contato humano, impossibilitando a soltura na natureza”. E a boa notícia veio há quatro dias: Molly voltaria para casa, o que finalmente aconteceu hoje (15/4).

Foto: reprodução/Instagram
“Estamos carregados de emoção neste momento. Parece que se passou uma vida inteira, mas hoje participamos de uma reunião muito emocionante no Desi, com um chorinho de felicidade da Molly. Quando chegamos em casa, Peggy e Ruby estavam com força total e Molly fez alguns barulhos animados. Estamos muito gratos a vocês, nossos apoiantes, ao QLD Premier Steven Miles e ao DESI por nos permitir obter uma licença e estarmos reunidos com a Molly novamente. Estamos ansiosos para que a vida volte ao normal muito em breve”, escreveu Juliette.
Mas não pense que a devolução de Molly foi fácil. Seus tutores tiveram que se comprometer em não ter mais ganhos comerciais com a exibição da ave e a participar de treinamento em vida selvagem no Desi.
“Essas condições são padrão para todas as licenças especializadas detidas por cuidadores de vida selvagem em Queensland e garantem o melhor resultado para a saúde e o bem-estar contínuos das aves”, declarou o departamento em nota.
Além disso, o casal australiano também teve que se comprometer em assumir papel de defesa e educação pública para conscientizar cidadãos australianos a cerca dos cuidados que devem ser tomados com a vida selvagem nativa, bem como sobre habilidades especiais necessárias para fazer resgates, e, assim, ajudar a garantir o bem-estar dos animais que vivem nos ambientes naturais da região.
Animal silvestre não é pet
Que a história de Molly sirva de lição não só para os australianos, mas para cidadãos de várias partes do mundo, também no Brasil.

Foto: reprodução/Instagram
Todos os dias, viralizam nas redes sociais imagens de animais silvestres humanizados – com roupinha, imitando humanos -, que recebem milhares de curtidas e comentários.
Essa é apenas mais uma prova da falta consciência ambiental para identificar que, por trás de fotos ou vídeos fofos, há muita crueldade como o tráfico desses animais. Ou, quem sabe, pessoas desinformadas, que, com o intuito de ajudar o animal – como Juliette e Reece – acabam tratando-o como pet e privando-o de sua natureza.
(este ano, as organizações Ampara Silvestre e Ampara Animal lançaram uma campanha muito bacana sobre esse tipo de compartilhamento nas redes sociais – “Reeduque o seu comportamento e resete o seu algoritmo!” – com a hashtag #AlgoritmoSelvagemReset. Vale conhecer: clique aqui)
Pode ser emocionante e divertido ver a relação amorosa entre a pega e as pit-bulls, mas não é natural uma ave como Molly latir, nem imitar o comportamento de cães (foto abaixo).

Foto: reprodução/Instagram
Em geral, cães e gatos devem ficar longe do habitat de animais silvestres porque podem tornar-se predadores de aves ou espécies maiores como tamanduás-bandeira, saruês (gambás) e preguiças, entre outros bichos.
Quantos órfãos dessas espécies são resgatados e tratados para serem devolvidos à natureza quando estiverem prontos! Quem sabe não foi esse o caso de Molly, encontrada sozinha por Juliette e Reece, num ninho caído no chão, enquanto passeava com Peggy.
Mas que bom que esta história teve um final feliz e que ainda pode inspirar muita gente a contribuir para a conservação ambiental em qualquer lugar onde esteja.

Foto: reprodução/Instagram
A seguir, assista a momentos inusitados vividos por Molly e Peggy, também a veja latir: é hilário.
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Foto (destaque): reprodução do Instagram Peggy e Molly
O mundo virou um nojo com esse povo que se acha dono da verdade.
O mundo precisa de gente inteligente! Me parece muito fácil saber que o melhor para o pássaro é a família com quem ele sempre viveu! É tão óbvio! Aí vem um ser sem sentimentos e se esconder atrás de burocracias para fazer sua maldade!
Essa é uma estória de vida. Vida que sempre aconteceu com seus eventos de amor. Uma vida feliz na diferença, sem vícios, maldades, ou qualquer sacanagem. Deus em toda sua simplicidade fez amigos os cães, o pássaro e os humanos. De vez em quando o Amor é surpreendente, surpreendente mesmo. O Amor mostrou seu abraço entre patas, braços e asas.
A better place for an animal is where it is happy and Molly is very happy with her owners