Simon Kofe, ministro da Justiça, Comunicação e Relações Exteriores de Tuvalu – estado da Polinésia composto por nove minúsculas ilhas -, não participa da 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP26, mas talvez seja o autor de um dos discursos mais emocionantes deste encontro, apesar de virtual.
Devido à pandemia da covid-19, dos 14 líderes que representam as nações insulares do Pacífico – Tuvalu, Fiji e Palau -, apenas três participam das negociações. Não há registros da doença por lá.
Assim, usando terno e gravata, como se estivesse na conferência, Kofe discursou num púlpito instalado dentro do mar, na principal ilhota da capital Funafuti – com água acima dos joelhos.
“A declaração justapõe o cenário da COP26 com as situações da vida real enfrentadas em Tuvalu devido aos impactos das mudanças climáticas e do aumento do nível do mar e destaca a ação ousada que Tuvalu está tomando para resolver as questões muito prementes da mobilidade humana sob as mudanças climáticas”, declarou Kofe.
A mensagem foi gravada pela emissora pública TVBC na ponta da principal ilhota da capital Funafuti – Fongafale -, e será reproduzida em evento paralelo, na conferência, amanhã, 9/11.
Sua intenção é causar desconforto nos representantes dos países mais emissores de GEE, que participam da conferência, chamando sua atenção para a realidade dramática de Tuvalu, condenada a desaparecer nas próximas décadas por causa da elevação do nível do mar provocada pelo aquecimento global.
Destacando que a sobrevivência dos habitantes da ilha está em jogo, Kofe cobra os grandes emissores – como China e Estados Unidos – por mais compromisso na redução de gases de efeito estufa.
O mais irônico e trágico nessa história é que as três ilhas estão entre os menores emissores de gases de efeito estufa do planeta, mas sofrem as consequências da crise climática de maneira desproporcional.
A região do Oceano Pacífico é uma das críticas da crise climática. Relatório do Banco Mundial divulgado em outubro revela que o aumento do nível do mar previsto pode afetar drasticamente as Ilhas Marshall.
O arquipélago composto por 1.156 ilhas, localizado no norte do Pacífico, entre o Havaí e a Austrália, é um dos países com maior risco de desaparecer devido ao aumento do nível do mar.
Com informações do G1, BBC, CNN, Público
Foto (destaque): divulgação governo de Tuvalu