E a Califórnia brilhando novamente, com mais uma lei que combate a crueldade e o sofrimento dos bichos. Em dezembro, os californianos já tinham aprovado, em decisão histórica, uma legislação de proteção para galinhas, porcos e bezerros, criados pela indústria de alimentos, que garantia um espaço digno e adequado para que esses animais vivam.
Na semana passada, o estado mais vanguardista dos Estados Unidos passou outra legislação em que proíbe a venda em pet shops de animais, nascidos nas chamadas “fábricas de filhotes”. A partir deste momento, essas lojas só poderão comercializar cachorros, gatos e coelhos que foram resgatados, vindos de abrigos.
A intenção da nova lei é acabar com os negócios de reprodução de animais em massa, onde filhotes vivem em lugares superlotados, sem as mínimas condições de higiene e sem supervisão de veterinários.
O texto já havia sido aprovado no final de 2017, mas as lojas de animais tiveram seis meses para se adaptar à nova norma. De agora em diante, só será permitida a venda direta (sem intermediários) de filhotes por criadores, licenciados e fiscalizados pelo Departamento Federal de Agricultura.
Os pet shops que desobedecerem à lei serão multados em US$500, por animal, encontrado no estabelecimento.
Anualmente, os californianos pagam US$ 250 milhões em impostos para bancar as despesas de abrigos de animais abandonados.
Em uma investigação conduzida pela Humane Society of the United States, foram encontrados filhotes mortos em lojas de animais em dois estados.
“A legislação da Califórnia é a primeira de um movimento que, em breve, chegará a outros estados”, comemorou Kevin O’Neill, vice-presidente de outra organização, a American Society for the Prevention of Cruelty to Animals, em entrevista ao jornal The New York Times.
No estado de Maryland, por exemplo, uma lei, que entrará em vigor a partir de 2020, permitirá que as lojas de animais ofereçam apenas bichos para adoção.
Estima-se que mais de 2 milhões de filhotes sejam comprados, por ano, nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que, praticamente um número similar acaba morrendo, em abrigos, por falta de pessoas interessadas em adotá-los.
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Foto: reprodução American Society for the Prevention of Cruelty to Animals
Se você precisa de um par de sapatos, compre. Mas se precisa de um amigo, adote. Lojas na Califórnia só poderão vender animais vindos de abrigos, isto é, os que foram resgatados; no entanto ainda assim estarão lucrando às custas deles, na condição de mercadoria para compra, venda e lucro. Legal que a iniciativa bem intencionada vise erradicar as famigeradas fábricas de filhotes onde cadelinhas vivem para conceber e parir ininterruptamente durante toda a sua vida fértil, após o que são descartadas, na rua ou no lixo, na condição de imprestáveis. Mas os maiores aplausos vão mesmo é para o estado de Maryland, cujas lojas manterão na vitrine apenas os bichos para adoção, melhor assim. À exemplo da escravatura dos negros no Brasil, onde a Lei dos Sexagenários e a Lei do Ventre Livre prepararam o caminho para a bendita Lei Áurea da libertação plena e integral deles, quem sabe essas leis fragmentárias, pipocando aqui ou acolá, estejam no caminho certo de erradicar do mundo a Exploração Animal como um todo, sem normativas paliativas como essas, louváveis claro, mas ainda tímidas e insuficientes se queremos os animais livres de verdade, na condição de irmãos e amigos, sem etiqueta de “quanto custa” pendurada no pescoço.