Que ótima notícia para a Cultura, que anda tão massacrada em nosso país! Por unanimidade, o conselho consultivo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) reconheceu a Literatura de Cordel como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro
Esta categoria de patrimônio cultural, adotada pela Unesco em 2003, abrange (e protege) expressões culturais e tradições preservadas por um grupo de pessoas em respeito à sua ancestralidade para as gerações presentes e futuras. Estão classificados assim todos os saberes, modos de fazer, formas de expressão, festas e danças populares, lendas, músicas e costumes, entre outras tradições.
A decisão foi tomada ontem, 19/9, em reunião no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, com as presenças da presidente da instituição, Kátia Borgéa, do presidente da Academia Brasileira da Literatura de Cordel, Gonçalo Ferreira, e do ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão.
Assim, todos os brasileiros envolvidos com essa produção cultural preciosa – poetas, declamadores, ilustradores, desenhistas, editores, xilogravadores, folheteiros e artistas plásticos – podem comemorar.
Se este gênero literário – que mescla oralidade, música, desenhos e escrita, e é o único meio de sobrevivência dessa gente linda – já era uma força incrível, mesmo sem apoio e atacada por preconceitos, imagina agora…
A Literatura de Cordel surgiu no final do século 19, no no Nordeste do país e fez a conexão entre as tradições orais (poesia cantada e declamada; adaptações de romances – prosa – para a poesia; além de contações de histórias) e escritas tão fortes nesta região, mesclando as culturas africana e indígena às culturas europeia e árabe. Veja que riqueza!
O cordel se espalhou pelo Norte e depois pelo resto do país graças à migração e tem apaixonados em todo o canto. E conta com um museu totalmente dedicado a ele, em Caruaru – o Museu do Cordel Olegário Fernandes – pra quem quer mergulhar no tema. Bem que agora ele merecia ganhar um site, né?
De acordo com o Iphan, originalmente, a expressão literatura de cordel não se referia a um gênero literário específico, mas à forma como livros eram expostos ao público: pendurados em barbantes, em uma especie de varal, como ainda se vê por aí.
Viva a Literatura de Cordel! Que ela ganhe ainda mais espaço a partir desta honraria e que possa encantar cada vez mais brasileiros e estrangeiros com sua poesia. Afinal, é uma das formas de expressão mais importantes do Brasil.
Foto: Divulgação Agência Brasil/22W – Foto feita em Paraty (RJ): O casal de cordelistas Marialva Bezerra, a Querindina, e Fernando Rocha, o Macambira, da cidade de Esperança, na Paraíba, participaram da 12ª edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip)