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Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora, é eleita pela Academia Brasileira de Letras e se torna a 11ª mulher imortal

Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora, é eleita pela Academia Brasileira de Letras e se torna a 11ª mulher imortal

Os homens são maioria na Academia Brasileira de Letras. Com a eleição da historiadora e antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, ontem (7) para a cadeira 9, antes ocupada pelo historiador Alberto da Costa e Silva -, um dos maiores especialistas em cultura africana do país e também diplomata -, falecido em dezembro. 

Agora são 35 homens e 5 mulheres. Lilia recebeu 24 de 38 votos e é a 11ª mulher a integrar a instituição fundada em 1897.

A primeira foi Raquel de Queiroz, em 1977; mas o pioneirismo ao tentar “furar a bolha masculina” da ABL coube a Amélia Bevilácqua, em 1930 (sem sucesso), seguida por Dinah Silveira de Queiroz, que se candidatou nos anos 1950, mas só foi aceita em 1980 (dois anos antes de morrer) .

Depois vieram: Lygia Fagundes Telles (1985), Nélida Piñon (1989 – foi a única mulher presidente da instituição), Zélia Gattai (2001 – que assumiu a cadeira 23, de Jorge Amado), Ana Maria Machado (2003, até hoje), Cleonice Bernardinelli (2009), Rosiska Darcy de Oliveira (2013, até hoje), Fernanda Montenegro (2021, até hoje) e Heloísa Teixeira (2023, até hoje).

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Entre as imortais que “já se foram”, apenas Nélida Piñon foi substituída por uma mulher, a escritora Heloísa Teixeira (eleita Buarque de Holanda e empossada Teixeira). As cadeiras das demais foram ocupadas por homens. E a instituição continua sem eleger uma

Lilia disputou a cadeira de Costa e Silva com seis homens – os escritores Antônio Hélio da Silva, Chirles Oliveira Santos e J. M. Monteirás, Edgard Telles Ribeiro, Martinho Ramalho de Melo e Ney Suassuna –, mas gênero realmente não é critério para a eleição.

Há uma tradição na ABL de preencher as cadeiras vagas com uma personalidade que tenha histórico parecido com o antecessor. Talvez por isso, o alinhamento de interesses entre Costa e Silva e Lilia foi destacado pelo presidente da ABL, Merval Pereira, em seu discurso após o resultado da votação. 

A historiadora revelou à Folha de SP que o fato de a cadeira ter pertencido a seu “pai intelectual” – que também pensava a desigualdade racial no país – foi um dos motivos de sua candidatura. Declarou também que esta foi uma maneira que encontrou para “honrá-lo” e, “se puder, quero seguir os passos dele”. 

Lilia Schwarcz é autora dos livros As Barbas do Imperador, Lima Barreto – Triste Visionário, Dicionário da Escravidão e da Liberdade (com Flávio dos Santos Gomes) Brasil: Uma Biografia (com Heloísa Starling). Já ganhou cinco prêmios Jabuti e é uma das fundadoras da Companhia das Letras

No ano passado, a ABL elegeu o primeiro intelectual indígena, Ailton Krenak, que, em março do mesmo ano, havia assumido uma cadeira na Academia Mineira de Letras

Leia também:
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Foto: Henrique Parada/divulgação

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