O jornalista Leonardo Sakamoto foi um dos oito escolhidos para receber, do Departamento de Estado americano, o prêmio Heróis contra o Tráfico de Pessoas. O motivo? Seu trabalho lindo de combate ao trabalho escravo, com a ONG Repórter Brasil.
Com esse prêmio, todos os anos esse departamento homenageia gente de todo o mundo que dedica sua vida à luta contra o tráfico de pessoas, reconhecida por seu trabalho incansável (já que geralmente enfrentam oposição, resistência, difamação e até ameaças às suas vidas) para proteger vítimas, punir culpados e conscientizar a população de seu país a respeito de tais práticas criminosas.
Além do jornalista, este ano também foram ganharam o título de Heróis contra o Tráfico de Pessoas:
– Alika Kinan, vítima de exploração sexual na Argentina; Allison Lee, ativista contra a exploração infantil na Tailândia;
– Amina Oufroukhi, juíza com atuação fundamental na elaboração e na aprovação da lei anti-tráfico do Marrocos, em 2016;
– Boom Mosby, fundador e diretor do Projeto HUG, é defensor de crianças vítimas de abuso sexual na Tailândia, com atuação imprescindível para o avanço dos esforços anti-tráfico em seu país;
– Mahesh Muralidhar Bhagwat, comissário de polícia na Índia, tem demonstrado compromisso notável na luta contra o tráfico humano nos últimos 13 anos;
– Vanaja Jasphine, ou Irmã Jasphine, atua incansavelmente para informar autoridades e líderes da sociedade civil dos Camarões a respeito do tráfico de pessoas, especialmente sobre situações que criam vulnerabilidades e perpetuam essa prática; e
– Viktoria Sebhelyi, socióloga e ativista húngara dos direitos humanos, realizou pesquisa inovadora que tem sido imprescindível para aumentar a conscientização e a compreensão do tráfico de pessoas no governo e junto a prestadores de serviços de ONGs em seu país.
A celebração de entrega do prêmio aconteceu em 27/6, em cerimônia na qual o Departamento de Estado apresentou relatório sobre o tráfico de pessoas, como faz todos os anos. Rex Tillerson, secretário de Estado, e Ivanka Trump, filha e assessora do presidente americano, Donald Trump, receberam os homenageados.
Coragem e transparência
Leonardo Sakamoto abraçou a luta contra o trabalho escravo e a proteção das liberdades fundamentais no Brasil e, em 2011, criou a ONG Repórter Brasil. Com ela e uma equipe dedicada e muito ativista, realiza um trabalho lindo de jornalismo investigativo, que tem ajudado a pautar ações dos governos, de organizações da sociedade civil e da iniciativa privada, além de promover o uso de programas de pesquisa e de educação como ferramentas importantes nesse combate.
Lançou “Escravo, Nem Pensar!”, primeiro programa educacional que atua em comunidades vulneráveis, oferecendo suporte técnico e financeiro para conscientizar a população e ajudar a prevenir a ‘escravidão moderna’. O programa já atendeu mais de 200 mil pessoas em 140 municípios de oito estados brasileiros.
Importante salientar que a ONG Repórter Brasil também teve papel fundamental na criação do Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, acordo que obteve o compromisso de 400 empresas na luta contra o trabalho escravo. Sakamoto também atuou na produção da Lista Suja, que é uma lista pública que revela os nomes de pessoas e empresas que ainda adotam mão-de-obra forçada em seus negócios. A iniciativa ajudou a mobilizar ainda mais o governo brasileiro e outras ONGs nessa jornada.
Pra finalizar, vale contar que, por seu trabalho incansável – que ainda conta com o Blog do Sakamoto, no qual opina não só sobre exploração de pessoas, mas a respeito de diversos temas da atualidade no Brasil -, o jornalista tem sido perseguido, ameaçado e difamado. Basta uma busca no Google para encontrar textos e imagens ofensivos a Sakamoto. Mas ele nunca se intimidou e sempre foi muito elegante ao comentar os fatos. Quem acompanha e conhece o moço sabe que suas ações são pautadas pela transparência. E, pela verdade que suas palavras e sua missão contêm, só poderia continuar firme, forte e incansável.
Para saber mais sobre o tráfico de pessoas no mundo, indicar ‘futuros heróis’ ou como se conectar com eles, visite o site da Rede Global de Tráfico de Pessoas.
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Moda e trabalho escravo
Foto: Divulgação/Departamento de Estado dos Estados Unidos