A imagem acima é muito triste. E revoltante. Há 30 anos o Japão tinha se comprometido com o resto do mundo a deixar de lado a caça das baleias, que por séculos, era realizada nas água territoriais do país.
Mas em dezembro do ano passado, o governo japonês anunciou que voltaria a caçá-las comercialmente. Em comunicado que provocou consternação mundial, o Japão afirmou ainda que deixaria de fazer parte da Comissão Internacional de Baleias (IWC, na sigla em inglês).
Desde 1986, havia uma moratória global à caça comercial a este gigante dos mares.
Esta semana, os primeiros barcos com baleias mortas retornaram de viagem e foram recebidos com muita celebração. De acordo com as autoridades locais, há uma cota e, em 2019, será permitida a caça de 227 baleias.
“A retomada da atividade de caça comercial tem sido um desejo ardente para os baleeiros em todo o país”, afirmou Shigeto Hase, diretor da Agência de Pesca do Japão. “Agora podemos garantir que essa cultura e modo de vida sejam passados para a próxima geração”.
Ainda hoje, a carne e o sangue das baleias são vendidos em mercados e restaurantes como iguarias.
A ‘explicação’ para as matanças
Não é só a caça comercial que é vista com bons olhos no Japão.
Em 2018, os japoneses mataram mais de 300 baleias para “pesquisas científicas”. 122 delas eram fêmeas grávidas. Outras dezenas eram jovens demais ainda para se reproduzir.
Ano após ano, a alegação é que os animais são “amostras biológicas” que servirão para investigar a estrutura e a dinâmica dos ecossistemas marinhos.
O método utilizado pelos japoneses para capturar as baleias é cruel. Segundo organizações ambientais, elas são mortas com granadas explosivas, colocadas na ponta de arpões. Mas apenas entre 50% e 80% delas morrem instantaneamente, deixando as demais em sofrimento profundo.
Recuperação das espécies
No século passado, quase 3 milhões de baleias foram mortas no mundo. Por esta razão, a maioria das espécies deste cetáceo estava ameaçada de extinção – umas mais do que outras -, mas todas corriam o risco de desaparecer dos oceanos do planeta.
Todavia, o Japão diz que já houve tempo suficiente para a população de baleias se reestabelecer e aumentar o número de indivíduos.
Em setembro do ano passado, durante encontro da IWC, em Florianópolis, os japoneses tentaram reverter a moratória, mas a proposta foi rejeitada pela maioria dos membros da comissão. Por isso, o país decidiu deixar de fazer parte da comissão.
Foto: reprodução vídeo BBC
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