Você já ouviu falar da irara? Ou talvez pelo nome de papa-mel? Tenho que confessar: eu ainda não a conhecia. Ela é a mais nova espécie flagrada pelas armadilhas fotográficas instaladas na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre, pela série Moradores da Floresta , do WWF-Brasil.
Logo que vi a imagem fiquei intrigada. Cabeça de uma cor e corpo de outra? Parecia até uma montagem. Mas é isso mesmo. A irara (Eira barbara) tem uma pelagem que pode variar desde indivíduos totalmente marrom escuros até totalmente bege amarelados. No entanto, a coloração mais comum é o corpo marrom escuro com nuca e cabeça bege, exatamente como a que aparece no vídeo (que você assiste ao final do texto).
Seu nome vem da junção dos termos tupis i’rá (mel) e rá (tomar). Já o científico da espécie (Eira) tem origem no guarani.
A irara é um mamífero carnívoro, assim como ariranhas e lontras. Seu habitat são as florestas tropicais e ela busca refúgio em ocos de árvores e troncos e em tocas feitas por outros animais. No Brasil, pode ser vista em quase todos os biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga e Pantanal.
O nome popular de papa-mel vem de um de seus alimentos favoritos, o mel. Além disso, costuma ingerir frutas, insetos e pequenos animais vertebrados. Para caça-los, usa seu olfato extremamente aguçado.
A série Moradores da Floresta é um projeto de monitoramento do WWF-Brasil, que busca tornar mais conhecidas espécies da Floresta Amazônica e desta maneira, saber mais sobre seu comportamento e ajudar a preservá-las.
Em vídeos educativos, a série mostra esses “encontros” extraordinários com os habitantes da Amazônia e fornece informações e curiosidades sobre eles.
Atualmente há 20 armadilhas fotográficas em operação na Resex Chico Mendes. Escondidas e amarradas em árvores, funcionam com sensores de luz. Toda vez que um animal passa pela frente do equipamento, a câmera dispara automaticamente e tira uma foto ou inicia uma gravação audiovisual. Como utilizam infravermelho, mesmo durante à noite, não necessitam de luz adicional, por isso não perturbam a vida na floresta.
Desde 2017, quando foram instaladas as primeiras armadilhas, já foram feitos mais de 2 mil registros e fotografadas 30 espécies diferentes de animais.
O trabalho de monitoramento é uma parceria entre WWF-Brasil, Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta) e Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex), com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do conselho gestor da Resex Chico Mendes.
Moradores da Floresta terá dez episódios no total, lançados mensalmente. Para assistir os vídeos anteriores da série, basta acessar a lista de exibição no canal WWF-Brasil no Youtube.
Fotos: reprodução vídeo WWF-Brasil