O inverno está apenas começando e as manhãs densas de neblina e orvalho cobrem as áreas verdes, principalmente nos vales. Por causa do peso, o ar frio se concentra nos baixios. A umidade permanece até o sol se levantar e esquentar a terra. Lá pelas 9 horas da manhã, os passarinhos já estão procurando sementinhas e minhocas na horta. O orvalho que se formou de noite já foi absorvido pela relva e a luz se intensifica num brilho de inverno. Tudo está iluminado por outro ângulo. O sol começa a sua trajetória rumo ao norte, deixando a saudade dos longos dias de verão.
Assim como nós queremos ficar mais tempo debaixo das cobertas, a terra também quer calor. O frio queima os microorganismos e empobrece o solo que está descoberto. Nas regiões de estiagem e altas altitudes, quando o sol aparece é abrasador: sem nuvem e sem dó. E aqueles brotinhos de inverno se curvam no calor do meio-dia, quando as temperaturas podem atingir até os 28 graus. O inverno radicaliza as temperaturas levando a natureza a se reciclar.
Muita gente pensa que é hora de dar uma pausa no cultivo, esperar até a primavera voltar, mas é justamente este o melhor momento para fazer a limpeza das ervas invasoras, afofar o solo, cobrí-lo com palha seca e fazer as sementeiras em pequenas estufas, para quando a primavera chegar o jardim todo rebrotar.
E para quem tem trepadeiras no jardim, esta é uma excelente época para ordenar ramos em treliças, controlar sua extensão, amarrar, podar e fazer novas mudas para áreas erodidas em barrancos ou muros de arrimo.
Existem quatro tipos de trepadeiras. Hoje, vou falar sobre duas espécies delas.
Aquelas que formam ramos verdes vicejantes, que se entrelaçam formando moitas e deitando suas folhagens em todo e qualquer objeto do jardim, devem ser controladas para não atingirem postes, cabos elétricos, calhas, telhados e árvores menores, pois podem sair do controle e virar um pesadelo.
As mais conhecidas são a flor da lua (Ipomea alba) e o cipó de São João (Pirostegia venusta).
O inverno é uma ótima estação para podar a flor da lua
Outro tipo de trepadeira é aquela que possui um pequeno pezinho no ramo (conhecido também por gavinha), que permite com que a planta grude e suba por paredes de pedra e concreto. Estes pezinhos penetram na rocha e nas frestas das paredes rústicas formando uma rede de fixação e permitindo à planta cobrir toda a superfície.
Pois bem, elas devem ser podadas durante o inverno para que novas folhas rebrotem, entretanto, não deve ser plantadas perto de muros pintados com tinta acrílica, pois depois que crescem pesam muito, podendo descolar-se do muro com toda a camada de tinta e cair.
Um exemplo comum deste tipo de trepadeira é a hera, conhecida também como hedera, existindo variedades menores como a Hedera helix e outras com folhas maiores manchadas de amarelo e branco, caso da Hedera canariensis variegatta.
As heras são plantas adequadas para cobrir o solo de bosques e encostas, necessitando controle durante o inverno através da poda de limpeza para a renovação das folhas. Deve ser usada com parcimônia para tê-la sob controle porque uma vez estabelecida, a planta se propaga com muita rapidez. Pode ser usada em vasos de interior para forrar moldes de ferro ou barro criando belas esculturas verdes.
A Hera inglesa (Hedera helix) possui folhas menores e crescimento mais compacto
Outros tipos que podem ser citados são a falsa vinha (Pathetnocissus tricuspidata), que perde as folhas no inverno num espetáculo lindo de cores. Apesar de ser mais lenta que a hera, deve ser controlada uma vez que chegar perto dos beirais.
Há também a unha de gato (Ficus pumilla), que presta-se perfeitamente para solos pobres e canteiros estreitos, fechando completamente a área de fixação. Sempre verde, depois de adulta, fornece um fruto parecido com o figo, porém duro e com a consistência de borracha. Ele faz a alegria dos cachorros porque pula quando jogado no chão.
Na semana que vem, vou falar sobre outros dois tipos de trepadeiras e como devem ser os cuidados com elas, principalmente agora no inverno. Até lá!
Leia também:
E aí, morreu?
Quem bate lá? O frio!
Poda: o lugar certo, na hora certa
A colheita e a conservação das hortaliças
Adubação verde: o spa da terra!
Sol e água na medida certa
Cada planta com seu torrão
Fotos: domínio público/pixabay e Arend/creative commons/flickr (imagem de abre)
Eu preciso podar uma sapatinho de judia , porque está crescendo de forma esquisita .. mas olha, o medo é grande … 😁 Vou ler umas 10 vezes pra ver se tomo coragem… Pesquisando no Google encontrei essa explicação… Uma verdadeira aula … está de parabéns , o medo é porque morro de pena mesmo 😆😆😆