A Austrália enfrenta, desde setembro, um evento de incêndios sem precedentes, que até este momento, consumiu 6,3 milhões de hectares, matou 23 pessoas e um número ainda incalculável de animais (estimativas apontam que já sejam 480 milhões mortos).
Com focos especialmente concentrados na região leste do país, onde a situação mais grave é no estado de Nova Gales do Sul, que fica no sudeste da ilha, o fogo destruiu mais de 2.500 prédios – sendo que 1.500 apenas nessa área mais afetada.
Os incêndios florestais acontecem todos os anos, em todo o país – diferente do que acontece na Amazônia, o fogo faz parte da ecologia da Austrália. Mas o que têm tornado a situação deste ano tão catastrófica é a combinação de secas e calor recordes que, segundo pesquisadores, é um dos efeitos previstos das mudanças climáticas.
E as notícias não são boas: as projeções mostram que esta pode ser a temporada de fogo mais longa do país.
O fogo na Austrália não é “causado” pela crise climática. Mas ela está tornando esses eventos cada vez mais extremos e mortais. Estudos já apontavam que os incêndios florestais no país durariam mais e seriam mais severos e imprevisíveis, à medida que o planeta aquece. Isso já é uma realidade.
Muitas das áreas impactadas pelo fogo, que começou por volta de setembro, registraram um total de chuvas 50% abaixo da média, de janeiro a agosto de 2019.
A poluição do ar nas cidades de Sidney e Brisbane têm sido classificadas com frequência como as mais prejudiciais do mundo, causando graves problemas respiratórios para jovens, idosos e pessoas com condições pré-existentes, como asma. Por isso, e pelo risco de ter a casa queimada, muitas pessoas estão sendo evacuadas de seus lares.
O que o clima tem a ver com isso?
Um dos impactos das mudanças climáticas são os eventos climáticos extremos. A metade sul da Austrália experimentou um dos períodos mais secos de sua história, de janeiro a agosto.
A seca, combinada à um inverno com recordes de calor, proporcionou o cenário ideal para que as chamas se alastrassem pela vegetação. Ou seja, o que vemos agora são alguns dos efeitos práticos da crise climática global. É isso mesmo, o futuro já começou!
As mudanças climáticas na Austrália significam que os incêndios florestais começam mais cedo, duram mais e são mais extremos.
Por isso, entre as principais demandas da sociedade civil australiana, estão que seu primeiro ministro, Scott Morrison, tome medidas de emergência para manter os australianos seguros – o que significa mais recursos para os serviços de combate a incêndios e ações urgentes de combate às alterações no clima, começando com a manutenção de combustíveis fósseis no solo.
Os serviços de emergência da Austrália estão na linha de frente da crise climática neste momento, muitos deles são voluntários. O Greenpeace reconhece a coragem, a resiliência e a dedicação daqueles que respondem ao agravamento dos eventos do clima e dos incêndios florestais, impulsionados pela alteração climáticas do planeta.
*Texto publicado originalmente em 07/01/20 no site do Greenpeace Brasil
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Foto: reprodução Facebook NSW Rural Fire Service/@nampix at @smh