Os tratadores do Jardim Zoológico de Londres (Zoological Society of London) haviam iniciado sua rotina de limpeza e café da manhã nos recintos dos gorilas, quando se depararam com uma cena emocionante: a fêmea Mjukuu acabar de entrar em trabalho de parto.
Momentos depois, em apenas 17 minutos, às 9h34 do dia 17 de janeiro, ela deu à luz ao filhote que gestava há aproximadamente oito meses e meio.
Em seguida, Mjukuu o segurou suavemente, demonstrando seus instintos maternais – limpou seu bebê e analisou seu corpo – até que permitiu que Kiburi, o pai, se aproximasse para examiná-lo, como também os jovens Alika e Gernot, que vivem no mesmo recinto.
Kathryn Sanders, gerente da seção de primatas do zoológico, declarou: “Começamos nosso dia normalmente – demos café da manhã aos gorilas e iniciamos nossas rotinas de limpeza. Quando nos dirigimos para o fundo de seus recintos, pudemos ver que Mjukuu estava começando a se esticar e a agachar – um sinal de que ela estava em trabalho de parto”.
O nascimento de um Gorila-das-planícies-ocidentais (ou Gorila-ocidental-das-terras-baixas; nome científico: Gorilla gorilla gorilla) é motivo para muita celebração já que essa subespécie está criticamente ameaçada de extinção.
E esse acontecimento se realizar no Zoológico de Londres – o mais antigo zoo científico do mundo e um centro de conservação global da vida selvagem – é ainda mais simbólico.
Kiburi, por exemplo, chegou ao zoo em novembro de 2022, vindo de Tenerife, na Espanha, como parte de um programa internacional de reprodução conservacionista, que “garante a preservação de população geneticamente diversa e saudável dessa subespécie de gorila”, conta Kathryn.
“Dizer que estamos felizes com esta nova chegada seria um grande eufemismo – todos nós temos andado por aí sorrindo de orelha a orelha”, acrescentou a pesquisadora.
“Daremos à mãe e ao bebê muito tempo e espaço para se conhecerem e para o ‘resto da tropa’ se acostumar com sua chegada – eles estão tão entusiasmados quanto nós e não conseguem parar de olhar para o bebê”, completou.
O pequeno permanecerá em contato ininterrupto com a mãe durante cerca de seis meses. Por isso, ainda deve demorar para os tratadores do zoológico confirmarem o sexo do bebê, além de o batizarem.
Acompanhe notícias do filhote de Mjukuu e Kinuri pelo Instagram do zoo. E, no final deste post, assista ao vídeo que mostra os três juntos.
Status de extinção
De acordo com o WWF Internacional (World Wildlife Fund ou Fundo Mundial para a Vida Selvagem), a caça furtiva e as doenças reduziram drasticamente o número de gorilas-das planícies-ocidentais – em mais de 60% nos últimos 20 a 25 anos -, colocando-os na lista de conservação da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), como criticamente ameaçados de extinção.
Essa subespécie vive na África Ocidental, do sudeste da Nigéria ao Zaire. E o principal ameaça à sua sobrevivência, depois da caça furtiva e de doenças é a mineração de coltan, uma liga usada em telefones celulares, laptops e câmeras. Ela mistura os minerais columbita (da qual se extrai o nióbio) e tantalita (da qual se extrai o tântalo). Imagina a cobiça por ele!
O caso é tão grave que os pesquisadores estimam que, mesmo que todas as ameaças ao gorila-das-planícies-ocidentais fossem eliminadas, sua população levaria cerca de 75 anos para se recuperar. Ou seja, ela pode desaparecer se não houver esforços de conservação como os empreendidos pelo Zoo de Londres.
Vale destacar, aqui, que existem duas espécies de gorila (do oriente e do ocidente), com duas subespécies cada uma, e todas estão criticamente ameaçadas:
– Gorila-do-ocidente (Gorilla gorilla): Gorila-das planícies-ocidentes ou Gorila-ocidental-das-terras-baixas (Gorilla gorilla gorilla) e Gorila-do-rio-cross (Gorilla gorilla diehli)) e
– Gorila-do-oriente (Gorila beringei): gorila-das-montanhas (Gorilla beringei beringei) e gorila-de-grauer (Gorilla beringei graueri).
O Zoo de Londres
Localizado no Regent’s Park, entre a cidade de Westminster e o distrito de Camden, o Jardim Zoológico de Londres é administrado pela Sociedade Zoológica de Londres e é o mais antigo zoo científico do mundo.
Inaugurado em 27 de abril de 1828, a intenção original de seus gestores era somente a de abrigar seleção de animais que contribuísse com estudos científicos, mas o zoo foi aberto ao público 19 anos depois.
Em 25 de maio de 1850, acolheu Obaysch, o primeiro hipopótamo visto na Grã-Bretanha desde os tempos pré-históricos. Hoje, reúne 15.104 animais de 755 espécies, uma das maiores populações do Reino Unido.
Agora, assista ao vídeo que mostra o chamego da mãe com o recém-nascido e o encontro com o pai.
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Foto: Zoo London/divulgação
Fontes: London Zoo e BBC