Me chamo Luiza, tenho 20 anos e faço parte da equipe do Criativos da Escola, programa do Instituto Alana. Um de meus maiores orgulhos é poder dizer que trabalho diretamente com a valorização daquilo que eu entendo como mais potente: as juventudes. O meu dia-a-dia passa por ouvir, ler e narrar histórias de transformação realizadas da maneira mais autêntica e verdadeira que você poderá um dia imaginar.
É uma honra estar perto de crianças e jovens corajosos o suficiente para fazer nascer o novo em um mundo tão velho. Atualmente, inclusive, apresento o programa Lu de Lupa no canal de YouTube do Criativos da Escola. É por lá que, semanalmente, nós buscamos divulgar e valorizar ações incríveis que pipocam pelo país.
Há poucos dias fiquei sabendo sobre algo grande e maravilhoso o suficiente para me fazer sentir orgulho de pessoas que eu nunca vi na vida! Está marcada para a próxima sexta-feira, 15/3, uma rebelião climática, uma greve mundial de estudantes contra o aquecimento global.
Os números crescem a cada dia, mas, até o fechamento deste texto, grupos de 99 países e 1209 cidades confirmaram adesão. No Brasil, temos 11 pontos de manifestação pela recém-nomeada Greve Global Pelo Futuro (veja os endereços no final deste post).
Tudo começou com a sueca de 16 anos, Greta Thunberg, que é hoje referência internacional quando o assunto são as questões climáticas. Hoje, o Conexão Planeta publicou que ela foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz!
Greta boicota as aulas da escola às sextas-feiras desde agosto do ano passado. Atualmente, centenas de jovens se juntam a ela pelas chamadas Fridays for Future (Sextas-feiras pelo Futuro) e erguem cartazes em frente ao parlamento sueco, em Estocolmo. “Estamos fazendo isso porque vocês, adultos, estão nem aí para o nosso futuro”. São frases desse teor que estampam em letras garrafais as cartolinas destes jovens estudantes que tomaram as rédeas da situação e decidiram agir.
Adolescentes chegaram à conclusão de que o mundo não tem mais tempo para esperar que algo seja feito em relação ao aquecimento global e exigem medidas imediatas. É protestando e pressionando líderes estatais de diversos países que milhares de Gretas estão, pelo mundo, ocupando espaços que lhe são tão próprios: os de transformação.
Em fevereiro, Greta conseguiu que a União Europeia se comprometesse a investir US$ 1 trilhão em ações contra as mudanças climáticas.
A notícia sobre a greve chegou ao Brasil há pouquíssimos dias: até o último domingo (10), a grande mobilização sequer tinha versão brasileira de um perfil no Instagram. A agilidade e familiaridade com o mundo digital que nos é tão própria fez com que tudo entrasse nos eixos dentro de poucas horas.
Para além de perfil no Instagram – Fridays for Future Brasil e da hashtag #FridaysForFutureBrasil – , agora temos grupos de WhatsApp com quase 100 pessoas. É por meio deles que os adolescentes criam cartazes, conversam sobre como e o que fazer no dia da greve e ajudam uns aos outros a mobilizar o maior número de pessoas possível até o dia 15.
Com a paralisação, esses jovens querem fazer barulho para que o Acordo de Paris e os alertas do IPPC (em português, sigla do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da ONU, que realiza as conferências internacionais do clima todos os anos) sejam cumpridos em seus respectivos países, além de lembrar os governantes que medidas devem ser tomadas com urgência para que o aumento temperatura global não ultrapasse 1,5°C ao ano.
Aqui, no Brasil, este histórico e significativo movimento está sendo encabeçado por adolescentes e jovens adultos determinados, ágeis e dispostos a fazer o que for necessário para terem suas pautas não só ouvidas, mas consideradas. Essas moças e rapazes se juntaram de maneira autônoma e independente em sua maioria, o que me enche de esperança e vontade.
Em um dos diálogos que acompanhei no grupo de mobilização nacional para a Greve Global pelo Futuro, uma jovem questionou o número (ainda tímido) de pessoas confirmadas nos eventos de Facebook para o dia 15: —“não era para ter mais gente?”. Em seguida, outra pessoa respondeu: — “A Greta também começou com pouco. Temos que divulgar mais, convidar mais pessoas!”. E depois mais outra: “Isso mesmo! Até domingo [10] eu não via nenhuma mobilização efetiva, e agora já somos 79 no grupo!”.
É justamente essa força e essa coragem que a juventude faz os mais velhos experimentarem que me move. Que orgulho poder dizer que eu sou jovem e faço parte disso. A mudança vai partir da gente, vocês vão ver!
Foto: Fridays For Future/Divulgação