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Grande Barreira de Corais da Austrália resistiu à quase extinção em outras eras. E agora? Sobreviverá também?


Sabemos que a Grande Barreira de Corais, no continente australiano, corre risco de extinção por causa do aumento de temperatura e da acidez provocado pelas mudanças climáticas, que resulta no seu branqueamento. Em março de 2017, demos aqui, no Conexão Planeta, uma notícia estarrecedora: o nível desse fenômeno havia chegado ao pior da história: 91% desses recifes já haviam sido afetados, de alguma forma, por essa síndrome.

Com o branqueamento, as algas que vivem impregnadas nos corais, e são seu alimento, se descolam. Dessa forma, eles ficam fracos, vulneráveis a doenças, muitas vezes sem condições de recuperação e podem desaparecer. E por que esse desaparecimento é ruim pra nós? Porque é nos corais que vive um quarto da vida marinha: eles são como uma espécie de berçário para muitas espécies de peixes.

Pois bem… o fato é que isso tem acontecido com rapidez assustadora. Muito maior do que no passado e pode ser uma catástrofe sem retrocesso. Sim, o maior conjunto de recifes do mundo – considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco – já sofreu muito em outras eras, também. E não foi uma única vez.

Na semana passada, uma equipe internacional de pesquisadores, atuantes na Universidade de Sidney, divulgou que essa barreira já chegou à quase extinção por cinco vezes nos últimos 30 mil anos.

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Ah… então, isto significa que os corais australianos são tão resistentes que não precisamos nos preocupar com eles? Não! De jeito nenhum! Apesar de dizer que eles são mais resilientes do que poderíamos supor, o estudo faz um alerta porque os corais australianos certamente nunca sofreram tanta pressão como agora: tanto a temperatura como a acidez ultrapassam muito as do passado e acontecem de um jeito muito mais rápido.

Segundo os pesquisadores, o impacto dessa alterações no ambiente onde vivem os corais é tão grande que tem provocado deslocamentos na Grande Barreira ao longo do leito, que podem variar entre 20 centímetros e 1,5 metro, por ano. Essas movimentações também acontecem conforme a elevação ou a diminuição do nível do oceano: às vezes mais para a terra, outras vezes para o mar. Eles se movem em busca de um cenário mais propício para viver. Mas está difícil encontrar um.

O objetivo dessa pesquisa era compreender melhor o estado atual da barreira australiana num panorama de longo prazo. Por isso, iniciaram as análises em 2008, focando na estrutura dos corais e como eles têm respondido às mudanças provocadas pelo aquecimento global e pela expansão das plataformas de gelo, nos últimos 30 mil anos.

As análises se fixaram a partir do período anterior ao chamado Último Máximo Glacial (UMG) – o auge do congelamento há 20 mil anos, aproximadamente -, quando o nível do mar era cerca de 120 metros mais baixo do que hoje. E identificaram duas mortes trágicas de corais há 30 mil e 22 mil anos, causadas pela exposição ao ar. O pouco que restou deles se recuperou no mar.

As outras duas quase extinções ocorreram há 17 mil e 13 mil anos com a elevação do nível do mar. E o último, descoberto pelos cientistas, há cerca de 10 mil anos, por causa de sedimentos em excesso depositados, também por causa da elevação do nível do mar.

Devido a essa trajetória, que parece seguir um padrão geológico, os pesquisadores acreditam que os corais da Austrália vão morrer em quase sua totalidade, de novo. Isso pode demorar milhares de anos, mas 99% desse recife – como destaquei no início deste post – já está morto ou caminhando para isso.

Foto: The Ocean Agency / XL Catlin Seaview Survey (branqueamento de corais)  
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