Durante a COP27, em Sharm El Sheikh, no Egito, em novembro do ano passado, o presidente Lula – apenas eleito, na época -, declarou que reivindicaria à ONU para que o Brasil fosse o anfitrião da COP 30. Melhor: atendendo ao pedido do governador Helder Barbalho, do Pará, disse que indicaria a Amazônia para a realização da conferência climática de 2025.
“Se a Amazônia tem o significado que tem para o planeta Terra, se tem a importância que todos vocês dizem que tem, que os cientistas dizem que tem, nós não temos que medir nenhum esforço para convencer as pessoas de que uma árvore em pé, uma árvore viva, vale mais do que uma árvore derrubada”, destacou Lula em encontro no estande do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal*.
[O consórcio foi criado por governadores de nove estados amazônicos – que ocupam 59% do território brasileiro e abrigam 29,3 milhões de pessoas – no início do governo Bolsonaro e é presidido por Barbalho. Sua missão é desenvolver e acelerar o desenvolvimento sustentável da Amazônia Legal para transformá-la em uma regiao competitiva, integrada e sustentável até 2030]
Na COP27, o presidente citou as cidades de Belém e Manaus como boas candidatas a anfitriãs da COP30. Mas, ontem, aproveitando o aniversário da capital do Pará, que completa 407 anos amanhã, 12 de janeiro, e a presença de Barbalho em Brasília (ele participou da reunião extraordinária convocada pelo presidente após os ataques terroristas e golpistas), Lula anunciou a formalização da candidatura de Belém pelo Itamaraty (veja vídeo no final deste post).
“O Itamaraty formalizou Belém como cidade que está disputando a candidatura para realizar a COP30”, declarou. “Eu tinha assumido um compromisso no Egito, na COP27, de que a COP30 poderia ser realizada no Brasil. E fiquei feliz quando nosso ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) formalizou ao governador Helder a cidade de Belém”.
De olho no desmatamento zero
No entanto, vamos ter que esperar até novembro para conhecer a decisão da ONU, que deve ser anunciada durante a COP28, nos Emirados Árabes.
Como as conferências das Nações Unidas seguem rotatividade regional, daqui dois anos a COP de clima deve acontecer em um país latino-americano. Caso a candidatura do Brasil seja aceita, esta será a primeira conferência do clima realizada no país e na Amazônia.
Muito simbólico! Mas como lembra Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, é imprescindível chegarmos a essa conferência com o desmatamento na Amazônia reduzido.
“A COP no Brasil seria um momento histórico para o país e para a agenda de clima. E ocorrer na Amazônia é simbólico. Mas o meio ambiente não vive só de gestos bonitos. O Brasil é, hoje, o país que mais desmata florestas no mundo, e o Pará, o Estado que mais desmata na Amazônia. É fundamental chegar à COP30 com essa situação revertida”.
Sim, afinal, terá se passado metade do mandato do presidente Lula, que prometeu que perseguiria o desmatamento zero, junto com sua ministra do meio ambiente, Marina Silva.
Bolsonaro vetou COP de clima no Brasil
No final do governo de Michel Temer, em 2018, o Brasil apresentou proposta à ONU para sediar a COP25, em 2019. Mas, antes de assumir a presidência, Bolsonaro orientou seu futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo – que considerava a crise do clima uma “ideologia criada pela esquerda” —, para que retirasse a oferta. E foi além.
Independente da COP25, em agosto de 2019, a cidade de Salvador, na Bahia, abrigaria a Semana do Clima, uma espécie de reunião preparatória para a conferência,que também foi cancelada, em maio, pelo anti-ministro do meio ambiente, Ricardo Salles.
Ele alegou que o evento só serviria de plataforma para ONGs e o foco do ministério era “a agenda urbana, que não tem nada a ver com mudanças climáticas”.
Que bom que nos livramos desse pesadelo!
A seguir, assista ao vídeo publicado nas redes sociais de Lula e de Helder Barbalho: