A Ikea, uma das marcas mais famosas de mobiliário e objetos de decoração do mundo, se não – a maior delas -, anunciou que irá receber seus produtos velhos de volta e em troca, pagará por eles por seus clientes de Sidney, na Austrália. Os móveis serão depois reciclados ou consertados e vendidos novamente.
A comercialização de produtos de segunda mão certamente não é novidade, mas um projeto piloto inédito de economia circular como este para uma empresa do porte da Ikea é.
Valer abrir um parênteses para revelar alguns números da gigante sueca em 2017:
– 403 lojas inauguradas desde 1958;
– 2,3 bilhões de acessos globais ao website da marca;
– 936 milhões de pessoas visitaram alguma loja ao redor do mundo;
– faturamento de 38,3 bilhões de euros;
– 11 milhões de garrafas PET usadas foram transformadas em móveis novos
Deu para ter uma ideia do tamanho da companhia e da sua responsabilidade social?
A economia circular prega que nossa produção de bens deve estar baseada na redução, reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia. Nada que ainda tenha utilidade deve ser jogado no lixo. Nos remete, sem dúvida nenhuma, à famosa frase do químico francês Antoine Laurent Lavoisier: “Nada se cria, tudo se transforma”.
O projeto criado pela Ikea, em Sidney, recebeu o prêmio Accenture Strategy Award for Circular Economy, do Fórum Econômico Mundial e o Fórum de Jovens Líderes Globais.
Antes de lançar a iniciativa, a empresa fez uma pesquisa entre seus consumidores. Mais de 50% dos australianos afirmou ter jogado fora algum móvel nos últimos 12 meses. Sofás, mesas de centro e cadeiras foram os itens mais citados.
Estimativas da Ikea indicam que 13,5 milhões de peças poderiam ser recicladas, reutilizadas ou consertadas por ano. A grande maioria dos australianos diz que joga móveis no lixo porque estão quebrados e não sabe como consertá-los. Entretanto, 34% deles diz que não se importaria em comprar um de segunda mão.
Para participar do programa oferecido pela marca, em Sidney, os clientes terão que tirar fotos das peças e enviá-las para a empresa para que ela se certifique da reciclabilidade das mesmas. Dado o “ok”, os consumidores deixarão os móveis – que podem estar montados -, na loja, e receberão um vale-compra.
De acordo com o Fórum Econômico Mundial, apenas 9% do plástico utilizado no mundo inteiro é reciclado ou reutilizado atualmente. O enorme restante vai parar em aterros sanitários ou lixões.
“Se as últimas décadas foram de consumo em massa, agora rumamos para a economia circular em massa”, prevê Jesper Brodin, CEO da Ikea.
No Brasil, várias empresas que se inspiraram no modelo de negócios da Ikea poderiam seguir o exemplo. Vamos lá, Tok&Stok e Etna?
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*Com informações do site do Fórum Ecônomico Mundial
Foto: reprodução Facebook Ikea
Reciclar e reutilizar, eis a questão.Antigamente móveis passavam de geração a geração, sendo apreciados por causa do valor comercial e do valor afetivo porque eram móveis de madeira de Lei que bisavós adquiriram e atravessavam décadas, mantendo-se bonitos e íntegros no lar de filhos, netos e bisnetos que se orgulhavam muito deles, dos móveis e dos vovôs. Hoje não, descarta-se tudo: celular, carro, geladeira, roupas, mesas e cadeiras, roupas e sapatos, cães de “estimação” não estimados e pessoas queridas, não tão queridas assim, tudo pode ser deletado com um clic, nada é duradouro, a maioria prefere assim pois na loja da esquina tem tudo novo e parcelado, menos o amor verdadeiro e a sincera amizade, desvalorizados por causa da correria frenética de viver aproveitando o momento, nada mais. Por isso, uma Empresa desse porte,voltar o foco para a consciência ambiental, aproveitando idéias e materiais importantes, ajudando pessoas no seu habitat, só merece aplauso pela humildade de reconhecer que o Planeta merece que se reduza o consumo de coisas nem sempre úteis, para que o ser humano aflore do entulho criado por ele mesmo quando jogou fora tudo o que valia de verdade, para viver “de mentirinha” achando que “quem tem mais é o melhor”. Não é. Geralmente, quem tem mais é, de todos, o mais pobre e o menos sábio.