*Por Vacy Alvaro
A energia eólica, gerada a partir dos ventos, já representa 7% da matriz elétrica brasileira. Grande parte deste volume é proveniente dos 81 novos parques eólicos instalados em 2016. Juntos, eles acrescentaram 2 GW à capacidade instalada nacional, totalizando agora 10,75 GW distribuídos por 430 parques espalhados por vários estados. Neste quesito, quem lidera é o Rio Grande do Norte, com 125 empreendimentos, 25 deles instalados apenas em 2016.
No ano passado, o Brasil foi o quinto país que mais aumentou a capacidade instalada deste tipo de energia renovável no mundo e cresceu 55% sua geração em relação a 2015. Estes são alguns dados que integram o Boletim Anual de Geração Eólica 2016, publicação lançada recentemente pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
“Considerando o período de 2009 a 2016, nós chegamos ao valor de cerca de US$ 32 bilhões investidos nestes projetos eólicos, movimentando toda uma economia de construção e cadeia produtiva, fábricas para a construção dos componentes utilizados nos aerogeradores. E por fim, outro dado que vale a pena destacar também é o recorde de geração dos projetos eólicos e do sistema brasileiro contemplado com energia eólica”, diz Sandro Yamamoto, diretor técnico da ABEEólica. ” A energia elétrica gerada pelos parques eólicos da região Nordeste proporcionaram segurança, evitando um possível racionamento de energia elétrica nessa região.”
No campo dos investimentos, o Brasil já é o 9º maior mercado para fonte eólica e gera mais de 30 mil postos de trabalho em sua cadeira produtiva, cada vez mais nacionalizada.
“O Brasil possui hoje cerca de 80% da cadeia produtiva nacionalizada. Temos seis fabricantes de aerogeradores no Brasil, três fabricantes de pás eólicas, vários fabricantes de torres, e um dos fabricantes de aerogeradores ainda é responsável da própria pá e da própria torre. Dentro da cadeia produtiva da energia eólica, para um parque eólico temos mais de mil fornecedores de peças e componentes. É uma cadeia produtiva que tem se nacionalizado cada vez mais”.
Apesar do conturbado momento político e econômico vivenciado pelo Brasil, o diretor afirma que o setor se mantém otimista em relação aos próximos anos, apesar dos gargalos e desafios existentes. “Para os próximos anos, 2017 e 2018, temos uma boa expectativa de projetos que serão instalados em função dos leilões de energia que já foram realizados. Mais de 2 GW nesse ano e também próximo dos 2,5 GW em 2018. Porém, para 2019 e 2020 temos poucos projetos para instalação, em função principalmente da queda das atividades econômicas do Brasil. Então, se existe queda no consumo de energia elétrica, o Brasil diminui a necessidade de novos projetos de geração. Mas a expectativa da associação é boa. Novos projetos em 2017 e 2018. Em 2017, que seja realizado pelo menos mais um leilão, para melhorar o cenário de 2019 e 2020. E a partir de 2018, o Brasil ter uma melhora da sua economia e a nova demanda por energia elétrica”
Todavia, Yamamoto destaca que ainda existem barreiras a serem enfrentadas. “Nós temos alguns outros desafios. Um deles é o gargalo de transmissão. O Brasil tem uma grande infraestrutura de transmissão, que precisa de ampliação. Os projetos eólicos ficam em regiões distantes e precisam ser conectados nas linhas de transmissão. Em 2015 e 2016, tivemos grandes gargalos, mas a partir de 2016, com a realização de novos leilões, nós acreditamos que a médio prazo o problema de transmissão comece a ser resolvido. Um outro desafio é o financiamento. A Abeeólica tem um grande diálogo com o BNDES, que é a maior fonte financiadora do nosso setor, para que os financiamentos tenham celeridade, com regras claras e que os investidores consigam obter seus financiamentos dentro dos prazos. Dentro do diálogo e do trabalho que vem sendo realizado, temos conseguido avançar”.
média de 17,27 milhões de residências por mês, o equivalente a cerca de 52 milhões de habitantes
*Texto publicado originalmente em 29/05/2015 no site da Web Radio Água
Foto: domínio público/pixabay e gráficos divulgação/ABEEólica