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Garça resgatada com copo plástico preso ao pescoço volta à natureza

Garça resgatada com copo plástico preso ao pescoço volta à natureza

Foram 13 dias desde que o veterinário Jeferson Pires, especialista em aves silvestres, avistou uma garça-moura com um copo entalado no pescoço, à margem do Canal de Serembetiba (conhecido como Rio Morto), no Rio de Janeiro, até sua soltura ontem (15), no mesmo local. 

Garça resgatada com copo plástico preso ao pescoço volta à natureza
O copo se movimentava em seu pescoço, cortando a pele e impedindo que ela se alimentasse de peixes maiores / Foto: Isabelle de Loys

Maior espécie de garça do Brasil – com envergadura de com envergadura de 180 cm e 125 cm de altura, podendo pesar até 3,2 kg a garça-moura (Ardea cocoi) também é conhecida como maguari, socó-de-penacho, baguari, mauari, garça-parda, garça-morena e joão-grande.

Nunca saberemos quanto tempo a ave encontrada no Recreio dos Bandeirantes sofreu com o copo atravessado em sua garganta, que além de cortar-lhe a pele, a impedia de se alimentar de peixes maiores. Segundo Jeferson, “se o material não fosse retirado, é muito provável que ela morresse em pouco tempo”.

Após mobilização de ambientalistas, uma força-tarefa de órgãos ambientais das esferas municipal, estadual e federal (Ibama) identificou o estado da ave e, após tentativas fracassadas de resgate, instalou um comedouro para atrai-la e monitorá-la (contamos aqui).

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Segundo a SMAC – Secretaria do Meio Ambiente e Clima (que substituiu a SEMA em 2023), a operação mobilizou mais de 80 pessoas, além de embarcações e drones. Destaco aqui, também, o esforço incansável da arquiteta e ambientalista Isabelle de Loys, que diariamente mostrou a garça em seu Instagram, fazendo apelos para a união dos órgãos ambientais a fim de resgatá-la o mais rápido possível.

Num dos monitoramentos, na última sexta-feira (13), Jeferson – acompanhado de agentes do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) e de guardas-parques –, conseguiu finalmente ‘laçar’ a garça e a levou para o CRAS – Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, coordenado por ele na Universidade Estácio de Sá, para avaliação, cirurgia reabilitação (contamos aqui).

E, ontem, recuperada, a ave voltou a seu habitat. A soltura foi realizada pelo veterinário (ao lado da caixa de transporte, na foto abaixo), na companhia de agentes do INEA e do secretário do meio ambiente, Bernardo Rossi (á esquerda).

Garça resgatada com copo plástico preso ao pescoço volta à natureza
Garça resgatada com copo plástico preso ao pescoço volta à natureza
De volta pra casa!
Foto: reprodução de vídeo

Foi um final feliz a que nem todos os animais impactados pelo lixo que produzimos têm direito. Resultado de engajamento, alerta e reflexão

Está mais do que na hora de os brasileiros reduzirem seu consumo, em especial de plásticos de uso único – só na América Latina, Chile, México e Costa Rica já decretaram seu fim! E também de o poder público trabalhar efetivamente pela proteção e conservação da natureza – por que o Rio Morto está repleto de resíduos? -, além de empreender campanhas de conscientização e educação ambiental ininterruptas.

O Brasil gera 80 milhões de toneladas de resíduos por ano e recicla apenas 4%. Isso jamais poderia dar certo.

Área de Proteção e Monumento Natural

Ambientalistas se movimentam para promover mutirão de limpeza do canal de Sernambetiba e reivindicam, junto à SMAC, a transformação da região em APA – Área de Proteção Ambiental.

O grupo pede que o órgão leve adiante o plano para a “ampliação da APA da paisagem e do Areal da Praia do Pontal e criação do Monumento Natural (MoNa)”, baseado em estudo de 2023.

De acordo com reportagem de O Globo (16/12), a Prefeitura descumpriu prazo para nomear conselho gestor do Monumento Natural do Recreio – formado por Morro do Rangel, Pontal de Sernambetiba e Pedra de Itapuã – e o plano de manejo – que deveria ter começado a ser elaborado -, também não ocorreu, o que afeta sua proteção ambiental. “Moradores denunciam invasões e degradação, ressaltando a importância histórica e ecológica da área”. 

O processo para a criação do MoNa do Recreio teve início em 2020, quando a Amor – Associação dos Moradores do Recreio dos Bandeirantes enviou ofício à SMAC, com essa demanda, quando a organização também solicitou a transformação em APA de um trecho da orla do Recreio, que integra os postos 1 e 2. 

Esse trecho não faz parte da APA da Orla Marítima, criada em 1988 para proibir a construção de estruturas provisórias e permanentes. No entanto, de acordo com a reportagem, “o pleito não foi incluído no decreto”. 

“A APA seria para a proteção do entorno do Monumento Natural. Não adianta uma unidade de conservação que não converse com os arredores. Senão, acontece o mesmo que houve com o Morro da Viúva, no Flamengo, que está escondido pelos prédios construídos em volta”, explicou Simone Kopezynski, presidente da AMOR, ao jornal O Globo. 

Em sua defesa, a SMAC disse que “o conselho gestor será criado após a nomeação do gestor, que deve acontecer ainda este mês” e que, no momento, está acompanhando a elaboração de três planos de manejo, em outras unidades de conservação, e que o do MoNa Recreio é o próximo da lista. 

O órgão declarou também que a gestão da UC deve estar “em pleno funcionamento até o fim do primeiro semestre de 2025”. Sobre a APA da orla do Recreio, destacou que há estudo em andamento.
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Foto: reprodução de vídeo

Com informações de O Globo, André Trigueiro, Jeferson Pires, INEA

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