Como sempre, são as populações mais pobres e vulneráveis que sofrem com os desastres naturais. Mais um exemplo acaba de acontecer na passagem do furacão Matthew pelo Caribe.
Até este momento, sabe-se que mais de 1 mil pessoas morreram no Haiti e outras 15 mil estão desabrigadas. Em um país que já sofreu um terremoto de proporções catastróficas, em 2010, quando aproximadamente 300 mil haitianos perderam a vida, um novo impacto traz ainda mais dificuldade de recuperação e retomada de uma vida normal, o que realmente nunca aconteceu após o tremor de magnitude 7.0 na escala Ritcher há seis anos.
O furacão Matthew atingiu o Haiti na terça-feira (04/10). Além dos ventos fortíssimos, provocou inundação em áreas remotas da ilha. Plantações foram destruídas, animais morreram afogados, pontes e estradas caíram e mais de 3 mil casas vieram abaixo.
Com problemas no abastecimento de água e no sistema de saneamento, as autoridades locais informaram que temem um novo surto de cólera na região. Um anterior já aconteceu em 2010. Segundo o Unicef, só em 2016 – antes mesmo da chegada do furacão Matthew – foram registrados 27 mil casos suspeitos da doença, sendo que mais de 35% deles em crianças.
As Nações Unidas anunciaram que no mínimo 350 mil haitianos precisam de ajuda urgente: comida, água, roupa e abrigo.
O que se percebe, mais uma vez, nesta crise humanitária é como, cada vez mais, as mudanças climáticas irão afetar os mais pobres e vulneráveis. Enquanto o Haiti tenta se reerguer, depois de mais um desastre natural, nos Estados Unidos, onde o mesmo furacão Matthew atingirá a costa sul do país, há dias a população já está sendo removida de suas casas. Lá, ela foi foi avisada com antecedência, fez estoque nos supermercados e milhares, simplesmente pegaram os carros e foram para outras cidades. No caso dos haitianos, nada disso foi feito. Eles simplesmente viram a tempestade gigante chegar e não puderam fazer nada. Somente rezar para não morrer.
Pescadores aguardam a tempestade passar para calcular – mais uma vez – os prejuízos
E o que os cientistas do clima afirmam, há muito tempo, é que com o aquecimento global, extremos climáticos como esses – terremotos, furacões, enchentes e longos períodos de seca -, serão cada vez mais comuns no mundo. E quem será mais impactado? Os que não têm dinheiro nem ferramentas para se proteger. Exatamente como a população do Haiti.
Nos últimos anos, temos visto indianos e africanos sofrendo com o calor extremo, que destrói plantações e mata de fome milhares de pessoas, comunidades do Pacífico perdendo suas casas pelo aumento do nível do mar. Esses são apenas alguns dos mais graves e sérios exemplos de como as mudanças climáticas já estão afetando a vida de milhões. É dever das nações mais ricas ajudar as mais pobres a se adaptar e se tornar mais resilientes a um clima cheio de surpresas desagradáveis, provocadas pelo aumento da temperatura da superfície terrestre, que os cientistas já provaram, ser consequência das atividades do ser humano no planeta.
O medo agora é que um novo surto de cólera atinja o Haiti
Fotos: UN Photo/Logan Abassi (abertura) e Igor Rugwiza