Como centenas de outras espécies de aves, o arapapá tem seu nome originário do tupi-guarani. Nativa das Américas, ele pode ser visto desde o México, passando por Bolívia e Argentina, até quase todo o Brasil. Todavia raros são aqueles afortunados que conseguem ver o abrir de seu penacho em forma de maravilhoso leque, quem dirá?, fotográfa-lo, já que essa a espécie Cochlearius cochlearius é mais ativa ao final do dia, quando a luz do sol está indo embora.
Mas o observador de aves e fotógrafo amador Ney Matsumura conseguiu este feito. Flagrou o espetacular momento em que o arapapá abre sua crista preta. A imagem foi feita num ninhal da espécie, na beira de um rio, num sítio, em Cachoeira de Minas (MG), com os guias Luzete Amaral e Wagner Loureiro.
“Foi maravilhoso observar o comportamento desta espécie, que é de difícil avistamento no Sudeste, principalmente durante o dia, já que tem hábitos noturnos. Imperdível”, escreveu ele em suas redes sociais.
Matsumura explica que a principal dificuldade em registrar o arapapá não é apenas achá-lo, mas conseguir um ângulo “limpo”, sem nada obstruindo a imagem, para capturar todo o esplendor de sua beleza e de seu penacho em forma de leque.
“Fazer fotos em voo também é bem difícil, porque geralmente eles são curtos, quando vão buscar alimento ou voltam com galhos para manutenção do ninho”, diz.
O arapapá no ninhal
No Brasil, o arapapá recebe diferentes nomes, dependendo de onde ele é observado: savacu, colhereiro, arataiá, arataiaçu, socó-de-bico-largo (Piauí), tamatiá e tamatião (Pará). Com cerca de 50 centímetros, tem um bico largo e grande, que lembra um barco virado de cabeça para baixo. No peito apresenta uma plumagem amarelada e as asas são brancas.
Um dos momentos em que a espécie levanta sua crista é durante a reprodução. Ou então, quando está irritada ou estressada, o que acontece, por exemplo, quando as fêmeas estão cuidando dos ninhos e querem proteger seus filhotes.
Desde 2017 Matsumura fotografa aves e se revela um apaixonado por esses seres e suas cores vibrantes.
“Comecei a gostar de fotografar aves desde minha primeira passarinhada, numa saída de observação no Parque do Ibirapuera, com o biólogo Pedro Cristales. Eu só conhecia aves como pombos, sabiás, bem-te- vis e urubus. Fiquei fascinado com a diversidade de espécies que encontramos dentro de um parque urbano. Ao ver as fotos, me apaixonei pelos detalhes de cada espécie, pelas texturas, pelas cores”, relembra.
Com o tempo foi sendo atraído pelo desafio de conseguir o melhor ângulo ou capturar aquele momento mágico.
“Era um desafio novo, exigia bastante, o desafio me estimulava. Com o tempo fui conhecendo mais e mais espécies e fiquei encantado com a nossa diversidade. Daí veio o outro desafio de ver espécies novas, depois vieram as viagens, conhecer pessoas e lugares novos. É tudo apaixonante”.
Um indivíduo adulto e na frente, o filhote, esperando o alimento
Fotos: Ney Matsumura