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Fotógrafo espanhol divulga imagens inéditas do diabo-negro – ou melhor, diaba-negra -, que registrou em Tenerife, nas Ilhas Canárias

Fotógrafo espanhol divulga imagens inéditas do diabo-negro - ou melhor, diaba -, que registrou em Tenerife, nas Ilhas Canárias

Esta semana, a aparição e o registro inédito de um peixe abissal – conhecido como diabo-negro ou peixe-diabo (espécie Melanocetus johnsonii), na superfície das águas da costa de Tenerife, nas Ilhas Canárias, causaram rebuliço na internet (contamos aqui). E os motivos foram variados: sua aparência aterrorizante – em especial os dentes enormes e pontudos -, a convicção da maioria dos espectadores de que se tratava de um peixe gigante, “um monstro”, e o ineditismo de sua aparição já que a espécie vive nas profundezas dos oceanos e dificilmente chega à superfície como aquele indivíduo.

A divulgação foi feita no Instagram pela organização espanhola Condrik-Tenerife (dedicada ao estudo de tubarões pelágicos, que vivem em águas abertas), que fez comentários sobre a espécie e lançou hipóteses sobre o que poderia ter evado o animal até ali.

Também contou que o diabo-negro não sobreviveu e, durante o dia, descobri que seu corpo havia havia sido levado para o Museu de Natureza e Arqueologia de Santa Cruz de Tenerife para análise. 

Ontem à noite, David Jara Boguña, fotógrafo de fauna marinha que participava da expedição da Condrik-Tenerife e registrou imagens do peixe com seus colegas cientistas Laia ValorMarc Martín e Antonio Sabuco, publicou imagens inéditas do encontro com a diaba-negra – sim, era uma fêmea! – e fez um relato muito interessante, no qual contou sobre peculiaridades da espécie e esclareceu alguns fatos.

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Apesar de parecer assustador o peixe-diabo tem diferenças marcantes entre macho e fêmea. O macho não passa de 2 ou 3 cm de tamanho; já a fêmea é maior, podendo chegar a 18 cm. O indivíduo encontrado media 6 cm, portanto, era uma “menina”.

Veja as fotos, abaixo, nas quais ela aparece boiando na frente da câmera de Marc Martín e dentro de uma vasilha de vidro, no laboratório do Museu.

Fotógrafo espanhol divulga imagens inéditas do diabo-negro - ou melhor, diaba -, que registrou em Tenerife, nas Ilhas Canárias
Fotos: reprodução do vídeo de David Jara Boguñá
Fotógrafo espanhol divulga imagens inéditas do diabo-negro - ou melhor, diaba -, que registrou em Tenerife, nas Ilhas Canárias

A seguir, reproduzo a fala de David Jara (na íntegra), que extraí do vídeo que você pode assistir no final deste post (em espanhol ou com as legendas automáticas oferecidas pelo Instagram).

“Parecia mais um bolinho preto do que um monstro”

“Sou David Jara Boguñá, sou autor original do vídeo da diaba-negra e faç0 este post para esclarecer algumas dúvidas e mostrar algumas imagens inéditas desse encontro.

Para começar vou falar sobre o tamanho dela. Bom, aqui está o vídeo onde aparece meu companheiro Marc, da Vida Marinha Tenerife, gravando o pequeno peixe que não tinha mais do que 6 centímetros efetivamente. Parecia mais um bolinho preto do que um monstro negro, pobrezinha!

Em nenhum momento ela nos atacou ou fez menção de nos atacar. Estava mais desorientada do que qualquer outra coisa.

Fotógrafo espanhol divulga imagens inéditas do diabo-negro - ou melhor, diaba -, que registrou em Tenerife, nas Ilhas Canárias
A diaba-negra de cabeça para baixo, à deriva
Foto: reprodução de vídeo

O segundo ponto que gostaria de esclarecer é que se tratava de uma fêmea. Os machos não passam de dois ou três centímetros de comprimento, além disso, eles não têm a antena característica com a bioluminescência na ponta, que este individuo apresentava.

Outro assunto importante é porque ela estava na superfície. Há algumas hipóteses sobre isso, mas as principais, pra mim, são que o animal estava doente, que ela tivesse sido arrastada por uma corrente ascendente ou que estivesse fugindo de algum predador.

Alguns pesquisadores acreditam que ela poderia ter ingerido um peixe e que, no momento da digestão de sua bexiga natatória, gases poderiam tê-la levado à superfície.

Outras hipóteses que surgiram na internet como a das alterações climáticas, me parecem pretensiosas e falar que o apocalipse está chegando parece-me absurdo e surreal.

Infelizmente, como muitos de vocês já sabem, a diaba-negra morreu e seu corpo foi doado para o Museu da Natureza e Arqueologia de Tenerife para continuar a ser estudado.

No final, este avistamento foi mais uma aventura interessante. O mais importante é o trabalho que ONGS como a Condrik-Tenerife fazem para defender, divulgar e proteger os nossos mares, especialmente os tubarões, que são animais muito ameaçados nas Ilhas Canárias e no resto do mundo”.

“Uma vergonha!”

Por fim, David Jara destacou o fato de que muitos meios de comunicação, principalmente espanhóis, divulgaram seu vídeo e fotografias sem indicar o crédito dele, como autor, nem da organização e dos outros participantes envolvidos na empreitada. “O que eu considero uma vergonha!”, declarou. E é!

O mínimo que cada um de nós pode fazer, ao reproduzir o material de terceiros – que pode nos render bom engajamento nas redes sociais -, é respeitar o direito autoral.

Antes de publicar a matéria sobre a aparição da diaba-negra, entrei em contato com a Condrik-Tenerife, que respondeu rápido, foi muito solícita e apenas pediu que respeitássemos a autoria, além de divulgar os nomes dos integrantes da equipe da Condrik. Justíssimo!

Portanto, atendam à solicitação de David e da Condrik, em qualquer circunstância. E sempre que quiserem utilizar fotos, vídeos ou textos de outras pessoas, não esqueçam do crédito devido em destaque. Não vale escondê-lo em meio a hashtags.

Nos solidarizamos com seu pedido não só porque respeitamos direitos e sabemos o valor da criação, mas também porque o Conexão Planeta é muito copiado por sites e perfis em redes sociais sem a devida autoria. E a maioria dos que fazem isso, ignoram nossos pedidos para que respeitem nosso trabalho. É muito injusto, vergonhoso e insustentável.

Assista ao vídeo gravado por David Jara neste link.

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Foto: reprodução do vídeo publicado por David Jara em seu Instagram 

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