Além de ser um dos 36 finalistas do prestigiado Environmental Photography Award 2024 – prêmio de fotografia oferecido pela fundação Príncipe Albert II de Mônaco, que destaca a beleza a e importância do meio ambiente -, concorrendo ao título de Fotógrafo Ambiental do Ano, o brasileiro Fernando Faciole também concorre na categoria Change Makers: Reasons for Hope (Agentes de Mudança: Razões para Esperança) e disputa o reconhecimento do público pela votação popular, que vai até 14 de abril.
Reconhecido por suas extraordinárias imagens da natureza, Faciole se inscreveu com uma imagem impressionante da tamanduá-bandeira Hanna no momento de sua soltura no Cerrado do Mato Grosso do Sul.
O registro foi feito durante expedição com Arnaud Desbiez, presidente e fundador do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e Rafael Ferraz, médico veterinário e parceiro do projeto Bandeiras e Rodovias (iniciativa do instituto), em agosto do ano passado, em zona rural próxima de Nova Andradina.
“A foto passa uma sensação de celebração”
Baseados na Fazenda Santa Lurdes, os pesquisadores capturavam tamanduás-bandeira – que integram o trabalho de monitoramento realizado pelo ICAS na região -, para fazer exames e depois os soltavam. Foram cinco dias assim.
“Não lembro se foi no último ou no penúltimo dia da expedição que Hanna foi capturada”, conta Faciole. “Ela é uma das maiores e mais importantes fêmeas monitoradas pelo projeto. Quando sua sedação estava quase toda revertida” [a ponto de o animal acordar], “começou a chover forte e já estava ficando noite. Os pesquisadores optaram por não deixá-la na caixa de transporte durante a noite e fazer sua soltura”.
Hanna foi levada para o mesmo local onde foi capturada, numa floresta de eucalipto – ela ama dormir no meio dos eucaliptos! -, mas a chuva havia piorado muito. Diante do cenário que se apresentava, Faciole concebeu, em mente, a foto que queria criar, pois sabia que não teria muito tempo, e configurou a câmera ainda dentro do carro.
Ele deu sinal para Desbiez e Ferraz, se posicionou e aguardou a abertura da caixa. “Não fiz mais do que três ou quatro cliques”, conta. “O primeiro flagrou Hanna saindo da caixa, o que não é tão impressionante”. Mas o segundo clique já foi perfeito! É o da foto inscrita no prêmio: “Hanna naquela postura bonita, com os dois pesquisadores ao fundo. E o mais interessante dessa imagem – além do tamanho do tamanduá – são as gotas de chuva”, destaca.
“Parece que está chovendo confetes por causa dos vários pontos coloridos. Pra mim, ela passa uma sensação de celebração. Tem tudo a ver com o sentimento dos pesquisadores na expedição porque tudo estava dando certo, eles estavam conseguindo fazer o trabalho para promover uma melhor qualidade de vida para a espécie. A ideia de celebração também vem do animal voltando para a natureza, para seu habitat, com o colete radar”, conta.
Hanna é um dos tamanduás-bandeira que integram a pesquisa inovadora realizada pelo ICAS com o objetivo de melhorar o diagnóstico de disfunções cardíacas nos indivíduos dessa espécie.
A tamanduá-bandeira “estrela da foto de Faciole” tem cerca de oito anos e é uma das fêmeas mais antigas monitoradas pelo Bandeiras e Rodovias no Cerrado de MS – desde o ano 2000 – e já teve cinco ou seis filhotes.
Por tudo isso, votando na imagem de Fernando Faciole – que ele nomeou como Rainy Release (Lançamento Chuvoso, em tradução livre) – você não só ajuda a reconhecer seu talento e a dar-lhe maior visibilidade, como também reconhece o trabalho maravilhoso realizado pelos pesquisadores do ICAS e do projeto Bandeiras e Rodovias – em especial de Arnauld Desbiez e Rafael Ferraz -, que são bons motivos para esperança na conservação.
Mais! Valoriza a existência de Hanna, que contribui, com suas particularidades, para o equilíbrio do ecossistema da região onde vive, como todo animal selvagem.
Prêmios: $, outdoor, exposição e livro
Além do prêmio em dinheiro (5 mil euros ou R$ 27.315,50), o grande vencedor do Environmental Photography Award – Fotógrafo Ambiental do Ano 2024 – terá sua foto premiada incluída em exposição no Principado de Mônaco (com viagem paga para a cerimônia de abertura) e também será convidado para visitar a Estação de Pesquisa Amazônica da Universidade Internacional SEK, onde poderá produzir documentário fotográfico em campo, no coração da selva equatoriana.
O vencedor de cada categoria (são 5: Into the Forest, Ocean Worlds, Polar Wonders, Humanity Versus Nature e Change Makers: Reasons for Hope) recebe mil euros (ou R$ 5.461,40) e, como o grande vencedor terá apoio de divulgação da Fundação através dos seus canais de comunicação, incluindo redes sociais, imprensa e newsletter.
Já o vencedor do voto popular receberá 500 euros (ou R$ 2.730,70).
Mas, independente de qualquer uma dessas vitórias, ao integrar o grupo de finalistas – que é um importante reconhecimento -, a imagem da tamanduá-bandeira será amplamente exposta em outdoors na cidade de Mônaco, além de percorrer outros países, o que ampliará a visibilidade não só do talento do brasileiro, como também do trabalho dos pesquisadores e de uma espécie tão importante da nossa fauna, em risco de extinção.
E tem mais! A bela foto será “imortalizada” em livro que reunirá as finalistas de 2024, reforçando sua contribuição à história da fotografia e da conservação da vida selvagem.
Quem é o finalista brasileiro
Em 2022, Fernando Faciole tornou-se o mais jovem (Emerging League Members) e o terceiro brasileiro a ingressar na prestigiosa International League of Conservation Photographers (iLCP), grupo que representa os mais destacados fotógrafos de conservação do mundo. Os outros dois brasileiros são Luciano Candisani (Senior Fellows) e João Marcos Rosa (Associate Fellows).
No mesmo ano, Faciole também conquistou seu primeiro grande prêmio internacional: o Panda Awards no Wildscreen Festival, na categoria História Fotográfica, o que lhe abriu as portas das publicações mais desejadas por profissionais da fotografia de natureza.
Já em 2023, produziu cativante história visual destacando a conservação de flamingos na República Dominicana. Ela foi licenciada pela National Geographic Global e reproduzida em diversas edições pelo mundo. No Brasil, a revista não tem mais edição impressa, então, a reportagem traduzida para o português pode ser vista/lida apenas online: aqui.
Documentando diversos projetos no Brasil, na América Latina e na África, Fernando Faciole emergiu como uma das principais figuras na fotografia contemporânea de vida selvagem e conservação, tanto no Brasil quanto globalmente.
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