Quem se hospeda na Fazenda Caiman, em Miranda, no Mato Grosso do Sul, sabe que é a probabilidade de avistar onças-pintadas e outros animais silvestres, em safaris realizadas no entorno, é enorme.
Mas, na semana passada, um grupo de turistas, guias e profissionais da região tirou a sorte grande. Todos estavam ansiosos e prontos com câmeras fotográficas e de vídeo, além de binóculos, para flagrar animais típicos do Pantanal, quando avistaram um filhote de veado-campeiro muito especial, ao lado da mãe: ele é albino.
Todo branquinho e de olhos avermelhados, passeava tranquilo e animado ao lado da mãe quando foi avistado. Os dois pareciam se exibir para os turistas, o que facilitou o registro.
O vídeo, que viralizou nas redes sociais, foi feito pelo biólogo Gustavo Figueirôa, diretor de comunicação do Instituto SOS Pantanal, que assim que viu o pequeno já começou a filmar.
“Achamos a figurinha brilhante no Pantanal, um raríssimo veado-campeiro albino!, escreveu ele no Instagram. “Difícil de acreditar, mas a prova tá aí!”.
“Deu para gravar, tirar fotos. A gente ficou uns dois minutos vendo os dois. O filhote estava sempre ao lado da mãe, foi bem legal!”, contou ele ao G1.
Logo após a expedição, Gustavo tratou de conversar com os moradores para se certificar se o animal albino já havia sido visto no local.
“Um veado albino é a primeira vez que [vejo e] ouço falar. O pessoal da fazenda que mora lá há anos, vários pantaneiros que moram no Pantanal nunca tinham visto. Conversei com uma especialista que também trabalhou com albinismo entre as espécies de cervos. Ela já registrou em outros locais, mas no Pantanal nunca tinha ouvido falar. Sim, é um registro raríssimo, raríssimo, raríssimo”, celebrou.
E o biólogo acrescentou: “O veado campeiro é uma espécie que não é comum de ser vista fora do Brasil, apesar de ocorrer e estar ameaçada em vários biomas, no Pantanal a gente consegue ver com uma certa facilidade em alguns lugares. Porém, um veado albino é raríssimo!”.
O albinismo
Animais albinos são raros e podem acontecer em qualquer espécie devido a uma mutação genética que impede a produção de melanina, o pigmento que dá cor à pele.
E, no caso dos animais silvestres, esta é uma condição que os coloca em situação de grande vulnerabilidade, visto que impede que eles se camuflem na mata para despistar predadores e fugir deles. O bicho fica ainda mais em evidência, então, dificilmente vive muitos anos.
“As cores próprias dos animais servem para camuflar os bichos dos predadores. Então, um animal branco se destaca no meio da paisagem. Encontrar um animal albino já é muito raro, e um animal que não é tão filhotinho assim, já é meio crescidinho. Então, dá pra ver que ele já passou alguns meses sobrevivendo mesmo com a condição de albinismo”, contou Figueirôa ao G1.
Ele está super acostumado a ver e conviver com a fauna pantaneira, mas encontrar um veado-campeiro albino realmente foi um presente e, talvez, um recado. Figueirôa destaca que há um certo misticismo em torno de animais albinos, em especial entre cervos.
“Sem dúvida acho que é um dos bichos mais raros que eu já vi na vida. Foi uma sensação única. Existem algumas lendas que dizem que o espírito da natureza aparece para pessoas de bom coração através de cervos, geralmente brancos. Considero, então, que foi uma manifestação da natureza dizendo que eu estou no caminho certo, que foi um sinal de que estou trilhando o caminho da conservação, mesmo”.
A seguir, assista ao vídeo do filhote albino com sua mãe, produzido por Gustavo Figueirôa:
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Com informações do Instagram (Gustavo Figuerôa) e G1
Foto (destaque): Gustavo Figueirôa/arquivo pessoal