No domingo (13/08) um filhote de baleia-franca-austral (Eubalaena australis) encalhou morta na praia de Joaquina, em Florianópolis (SC). ) Uma equipe técnica formada por médicos-veterinários e biólogos da Associação R3 Animal foi até o local para fazer uma avaliação e realização de necrópsia do animal.
A análise revelou que o filhote possivelmente foi vítima de uma colisão com uma embarcação.
“Nós encontramos lesões na cabeça e no dorso do animal, hematomas que muito provavelmente foram causadas por colisão com embarcação de grande porte”, afirma Cristiane Kolesnikovas, médica veterinária e presidente da R3 Animal.
A baleia-franca-austral pode ser encontrada em oceanos do Hemisfério Sul e durante o inverno e a primavera é avistada na costa do Brasil, especialmente de Santa Catarina, vinda da Antártica. Sua temporada reprodutiva, de parto e amamentação, vai de julho a novembro, sendo setembro o mês de maior ocorrência desses cetáceos em águas catarinenses.
A principal causa de mortes desses animais são justamente colisões com embarcações.
O filhote que apareceu morto na praia de Joaquina
(Foto: Ricardo Wegrzynovski / R3 Animal)
Passeios de barco em área de proteção da baleia-franca
No final de julho, a organização Sea Shepherd Brasil denunciou que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) “tinha liberado o turismo de observação embarcado no berçário das baleias franca, em Santa Catarina”.
Segundo a ONG, a atividade estava suspensa há dez anos por conta de uma ação judicial movida por ela. A justiça teria determinado que o ICMBio apresentasse estudos de viabilidade da atividade, além do licenciamento ambiental para a atividade.
“Sem estudos e sem o licenciamento ambiental, o ICMBio liberou a atividade com base em uma decisão judicial de outra ação movida pelas empresas. O ICMBio optou por não recorrer desta decisão, e lançou um edital para cadastrar as empresas, colocando em risco o berçário e os turistas”, acusa a Sea Shepherd Brasil. “Demonstramos por laudos técnicos, e uma das operadoras do turismo também admitiu que os motores não podem ser desligados ou permanecerem em ponto neutro durante os passeios, porque as enseadas do berçário são pequenas, fechadas e rasas. Logo, motores ligados significa molestamento para as baleias”.
Com pouco mais de 150 mil hectares de extensão, a Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca foi criada em 2000 e abrange dez municípios, incluindo o litoral sul da ilha de Florianópolis, Palhoça, Paulo Lopes, Garopaba, Imbituba, Laguna, Jaguaruna, Tubarão, Içara até o Balneário Rincão.
O Conexão Planeta entrou em contato com a assessoria de imprensa do ICMBio e recebeu a seguinte nota:
“O ICMBio esclarece que a prática de observação de baleias é reconhecida como atividade aliada dos esforços de conservação e não representa condição de ameaça à espécie.
Na APA da Baleia Franca, toda a atividade deve obedecer a regulamentos locais, como o Plano de Manejo da UC e a Portaria nº1112/2018, que determinam, inclusive, os locais onde há proibição de quaisquer atividades embarcadas de observação de baleias. Além disso, as ações têm base em regras nacionais de transporte aquaviário e condução de visitantes, a fim de garantir melhores práticas.
Por fim, o ICMBio informa que a observação de baleias não se trata de atividade passível de licenciamento ambiental e que a conservação da espécie é o principal objetivo de criação da APA da Baleia Franca”.
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*Caso você aviste um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, no Paraná, Santa Catarina ou São Paulo, ligue para o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), no telefone 0800 642 3341. No Rio de Janeiro o número é 0800 9995151. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!
Foto de abertura: Ricardo Wegrzynovski / R3 Animal