Por Julia Moa*
Engana-se quem acredita que a Festa de Iemanjá, em Salvador,na Bahia – a cidade com a maior população negra fora do continente africano -, se limite ao dia 2 de fevereiro.
Sob o sol radiante de um domingo de verão, uma semana antes do grande festejo, aconteceu a 37ª Homenagem a Iemanjá, organizada pela Colônia de Pesca Z1 – Núcleo da Mariquita, no bairro do Rio Vermelho, longe das multidões que costumam lotar as areias em frente ao Largo de Santana. Assim como na celebração principal, balaios ornamentados somente com flores foram ofertados à Rainha do Mar, em um gesto de gratidão e renovação dos pedidos por um ano de fartura para as famílias que dependem das águas salgadas, nem sempre tão límpidas, da capital baiana.
Conforme o entardecer alaranjado se desenhava no céu, o som dos atabaques, cânticos e danças do xirê — ritual sagrado do candomblé que evoca os orixás —, feito pelo terreiro Axé Jbaiyê, guiou os pescadores ao cortejo marítimo. Com vozes em uníssono, entoando a saudação “Odoyá, Iemanjá!”, os quatro balaios foram entregues à divindade, e o mar respondeu com sua aceitação: quando as cestas floridas afundam, é sinal positivo. Estava selada a conexão sagrada entre o mar e os pescadores, protagonistas da celebração popular reconhecida como patrimônio cultural de Salvador desde 2020.
Mas nem tudo são flores brancas e fragrância de alfazema nos ares do festejo, que integra os maiores eventos do estado, ao lado do Carnaval e da Lavagem do Nosso Senhor do Bonfim.
Prestes a completar 102 anos na teoria, embora sendo mais antiga na tradição oral, a celebração atrai a presença de milhares de fiéis das religiões de matriz africana (especialmente umbanda e candomblé) e turistas de diversas partes do mundo. Com o alto fluxo de pessoas nos arredores da Casa de Iemanjá, principal ponto de concentração, e diante da proporção que o evento tomou, o cenário nos dias que antecedem o 2 de fevereiro, durante a festa e após, é marcado pelo acúmulo de lixo nas praias e no mar.
Além da tradição de jogar no mar flores brancas e azuis tingidas artificialmente, no decorrer das décadas se propagou a prática de fazer oferendas abarrotadas de materiais que prejudicam a vida marinha. Integram a lista perfumes, champanhes, espelhos, pentes, velas, batons, isopores, objetos de vidro e plástico, peças metálicas, roupas, tecido sintético, joias e acessórios.
Conscientes dessa agressão, pescadores e voluntários têm se dedicado à limpeza do espaço antes, durante e após a festividade. Todavia, o desafio persiste.
“Nós fazemos a triagem no caramanchão para separar os itens que possam poluir o mar”, diz Antônio Santana Pereira, pescador com mais de 50 anos de ofício, conhecido nas imediações como “Rasta” ou “Canhoteiro”, fazendo menção ao barracão montado pela prefeitura onde os devotos deixam, a partir do dia 1º de fevereiro, suas oferendas em 200 balaios disponíveis para que, no dia 2, sejam lançadas ao mar.
“Retiramos o que conseguimos; são muitas oferendas. Se as águas ficam sujas, os animais morrem, e daí causa prejuízo para nós, os pescadores”.
Desde 2023, Seu Antônio coordena o mergulho artesanal em apneia, junto a outros nove pescadores, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema), para retirar objetos não degradáveis do mar da praia de Santana, em frente à Casa de Iemanjá, nos dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro.
Nesses dias, os pescadores já estão em atividade, considerando que, para evitar a aglomeração no dia 2, muitas pessoas se antecipam e optam por entregar as oferendas uma ou até duas semanas antes.
Durante a limpeza, que dura cerca de quatro horas e vai até o fundo das águas, os itens mais encontrados incluem pano, plástico, garrafas de cerveja long neck, frascos de alfazema, espelhos, brincos, esmaltes e sabonetes. Com tamanha sujeira abarrotando o mar e a praia todos os anos, ele destaca a extinção da manjubinha, isca que antes era fisgada em fartura, e a diminuição da sardinha, lagosta e polvo.
Se, alguns anos atrás, seu Antônio não enfrentava dificuldade para conseguir 10 quilos desses frutos do mar (5 quilos de lagosta e polvo saem, em média, por R$ 380), vendidos para os restaurantes nobres da cidade, hoje a comunidade de pescadores encontra apenas lagostas pequenas habitando o entorno.
Outro peixe que, quando aparece, indica a salubridade dos mares, mas que há tempos não aparece no Rio Vermelho, é o cobiçado camurupim, comum nos canais de mangue, destruídos no bairro, que desembocam no mar.
O coração da cerimônia, o “presente de Iemanjá”, é responsabilidade dos pescadores, que anualmente escolhem o terreiro de candomblé encarregado de sua confecção (em 2025, o terreiro Ilê Axé Iyá Olufandê aceitou o convite) e um artista plástico da cidade, que desenvolve a obra que compõe o balaio, seguindo as orientações dos sacerdotes. O segredo em torno da oferenda principal, elaborada este ano por Ralffce Santiago, é mantido até o momento da entrega, na alvorada do dia 2 de fevereiro, para evitar má sorte.
A previsão é que o presente seja levado ao mar às 16h, na embarcação “Rio Vermelho”, que realiza esse transporte há mais de 30 anos, até o Buraco de Iaiá, um local em formato de concha, a três milhas náuticas da costa (5,5 quilômetros), onde as oferendas são depositadas.
A prefeitura de Salvador destina uma verba para o presente e outros gastos dos pescadores, além de cuidar da organização dos serviços públicos da festa, contando também, em 2025, com o suporte financeiro de uma grande marca de cerveja e empresas de apostas online. Muitos frequentadores do evento, no entanto, reclamam que, com toda a exposição alcançada pela festividade, uma certa “gourmetização” tem acompanhado o clima nas ruas do bairro.
Segundo Nilo Garrido, ou Nilinho, presidente da Colônia de Pescadores Z1-Rio Vermelho, que abrange cerca de 200 pescadores, todos homens, desde a década de 1990 eles tentam incentivar propostas sustentáveis para os balaios que chegam ao mar, e há 4 anos a vigilância tem se intensificado no 2 de fevereiro. Ele recorda épocas em que os pescadores retiravam até os espinhos das rosas para não cortar as mãos dos carregadores dos balaios, alguns dos quais chegam a pesar 60 quilos.
“Acho que 30% dos presentes que chegam aqui não são biodegradáveis, e nós, na medida do possível, retiramos os plásticos e vidros antes de irem para o mar. O melhor é escolher um balaio ou cestas feitas de cipó e palha. Se chegar aqui com um feito de plástico, pedimos para ser trocado; caso contrário, não aceitamos. Nos esforçamos ao máximo nessa fiscalização; contudo, tem pessoas que não passam pela colônia e vão direto para a praia alugar um barco que as leve a alto-mar. Daí, embarcam com materiais poluentes e, infelizmente, furam nosso esquema de proteção”, adverte o pescador, que apoia a ideia de “balaios coletivos”, uma opção mais barata que permite juntar várias oferendas em uma.
Quanto aos líquidos de alfazema industrializados e sabonetes jogados no mar, a comunidade pesqueira ressalta que esses produtos prejudicam as diversas formas de vida marinha. Um ambiente perfumado, porém repleto de animais mortos, não condiz com aquela que no original iorubá é chamada de Yemọja, cujo nome significa “mãe cujos filhos são como peixes”.
Oferendas para Iemanjá dando a volta ao mundo
Apreciado como um bom amigo pelos pescadores da comunidade do Rio Vermelho, o agropecuarista e produtor de bambu Getúlio Soares Santana colaborou por 34 anos de maneira direta com os homens do mar na comissão organizadora do presente de Iemanjá, trazendo melhorias e promovendo a aproximação com a Sema, em 2023, para patrocinar financeiramente a limpeza realizada pelos pescadores. A enorme quantidade de detritos que se acumulam no fundo do mar sempre impressiona Getúlio.
“A Festa de Iemanjá não ocorre somente no Rio Vermelho; temos festas em outros lugares do litoral baiano, como na praia do Forte, em Trancoso, Costa do Sauípe e Moreré. Deveria existir um trabalho conjunto entre as secretarias de meio ambiente para alertar sobre a proibição de plásticos e sabonetes nas oferendas”, explica Santana, enfatizando: “Apenas rosas devem ser oferecidas a Iemanjá”.
E se restam dúvidas a respeito do que deve ou não fazer parte do balaio para Iemanjá, pesquisas mostram que objetos não degradáveis, como plásticos, são carregados por correntes milhares de quilômetros. Neste contexto, estudos recentes, como o publicado pela organização Earth.com, indicam que uma inocente oferenda para a Rainha do Mar pode, surpreendentemente, dar a volta ao mundo, poluindo diferentes regiões e ecossistemas.
O oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer, que rastreia detritos flutuantes desde a década de 1990, demonstrou que esses objetos percorrem mais de 20 mil km ao longo de anos, e relatórios da Greenpeace International, de 2018 a 2021, reforçam a urgência de políticas globais para combater a poluição marinha, destacando o papel das práticas industriais e do transporte marítimo no agravamento do problema.
À frente do projeto CÓR-REGO, que propõe refletir sobre a relação da cidade de Salvador com suas águas, o fotógrafo e artista visual Diego Antônio Castro Carvalho e a arquiteta e urbanista Camila Contrera Novaes constataram, a partir de pesquisas orais com pescadores do Rio Vermelho, que essas águas marinhas vêm sofrendo com a poluição e o descaso dos poderes públicos.
Segundo eles, o entorno da festa também está sendo afetado pelo lançamento de efluentes feitos pelo Emissário Submarino do Rio Vermelho, tubulação que leva o esgoto sanitário até o mar.
“Ao longo da pesquisa, coletamos relatos de antigos pescadores que presenciaram as transformações das águas, seja água doce ou salgada. Dessas histórias, as que mais nos chamaram a atenção foram depoimentos como: ‘quando criança eu bebia água do Rio Lucaia’, ‘a gente tomava banho no rio onde hoje é a Avenida Vasco da Gama’, ‘no Rio do Tabuleiro, a gente pegava uma espécie de isca que hoje só encontra na Ribeira’, ‘aqui tinha muito camarão, guaiamum, peixinhos de aquário’, ‘hoje em dia não se vê mais o camurupim’, ‘esse era o rio da nossa infância’”, analisa Diego.
A dupla, que esteve presente na ação de limpeza de 31 de janeiro deste ano no mar da praia de Santana, teve a oportunidade de acompanhar as duas ações de limpeza realizadas em 2023 e 2024. Eles acreditam que, para uma maior conscientização ambiental, é necessário integrar as ações da sociedade civil com os governos e a iniciativa privada, criando estratégias que alcancem diversos públicos, desde crianças até os mais velhos, como atos de educação ambiental em instituições de ensino e a realização de mutirões de limpeza e conscientização nas praias e margens dos rios da cidade.
E não adianta tratar a situação de forma isolada, pois o que muitos desconhecem é o fato de a capital baiana possuir rios urbanos, os quais, em sua maioria, correm para o mar. Com a condição precária das águas e do meio ambiente, diante do crescimento desordenado da cidade, “onde não só as águas, mas todo o meio ambiente foi impactado pelas consequências dessas transformações”, Diego e Camila apontam a especulação imobiliária como um fator que contribui para esse panorama, gerando uma cadeia de negligências com a natureza. Vale lembrar que, das 38 praias urbanas de Salvador, 17 têm a balneabilidade comprometida, de acordo com o último boletim do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Reciclar, em vez de ser descartado no oceano
Em 2024, a 1ª edição do projeto Iemanjá Sustentável recebeu, entre a noite do dia 1º de fevereiro e o dia 2, cerca de seis toneladas de garrafas PET, latinhas de alumínio e plásticos, material que não faz parte das oferendas dos fiéis, mas do consumo de bebidas que ocorre durante a comemoração. Com a Central de Apoio ao Catador(a) de materiais recicláveis baseada na Rua Conselheiro Pedro Luiz, no Rio Vermelho, nos dias da festa, a iniciativa é uma parceria com a ONG Centro de Arte e Meio Ambiente (Cama).
A segunda edição está confirmada, no mesmo endereço, com início na noite do dia 1 até a madrugada do dia 3, e é apoiada pela Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) e da Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis); além das iniciativas privadas da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e da Companhia de Bebidas das Américas (Ambev).
O objetivo é sensibilizar as pessoas acerca da urgência e responsabilidade da destinação adequada dos resíduos sólidos gerados no transcurso da festa, bem como da importância do trabalho dos catadores e catadoras de materiais recicláveis. Joilson Santos Santana, coordenador executivo da Cama, julga desafiador realizar propostas como essa em Salvador, em grandes eventos, visto que é fundamental o maior apoio financeiro.
“As empresas e a comunidade local poderiam abraçar a iniciativa, separando os materiais recicláveis e entregando ou contratando os serviços de coleta seletiva das cooperativas antes, durante e depois da festa”. Joilson cita a ausência de uma política pública municipal de coleta seletiva, a falta de contratação e remuneração dos serviços de coleta seletiva das cooperativas de catadores e catadoras de materiais recicláveis da capital, e a inexistência de política pública permanente de educação socioambiental, como as restrições vigentes no trabalho da ONG.
Nos festejos para Iemanjá, os catadores têm a oportunidade de vender as colheitas do trabalho por um preço justo e receber bonificação acima da tabela de 2024: R$ 50 por cada 10 quilos de plástico vendidos. O quilo da latinha de alumínio estará custando R$ 8, o do plástico R$ 1 e das garrafas PET, R$ 2.
Dados das Nações Unidas mostram que mais de 8 milhões de toneladas de plástico entram nos oceanos a cada ano, contribuindo para uma crise ambiental crescente. A ONU aponta que o plástico corresponde cerca de 85% de todo o lixo marinho e projeta que esse volume aumente drasticamente até 2040, com a quantidade de plástico nos oceanos podendo chegar a entre 23 e 37 milhões de toneladas anualmente.
Estima-se que 80% do lixo, segundo a Marinha do Brasil, tenha origem em terra, chegando aos oceanos por meio dos cursos d’água, o que indica a necessidade de uma melhor gestão dos recursos hídricos e dos resíduos sólidos.
Como resultado, o aumento da poluição é uma ameaça significativa à biodiversidade marinha, à saúde humana e à economia mundial. “Todas as espécies marinhas, desde plâncton e moluscos até aves, tartarugas e mamíferos, enfrentam riscos de envenenamento, distúrbios comportamentais, fome e asfixia. Corais, mangues e ervas marinhas também são sufocados por detritos plásticos que os impedem de receber oxigênio e luz”, evidencia um trecho do relatório da ONU.
Uma ponte espiritual entre a Bahia e a África
Vinda da região de Abeokutá, na Nigéria, e trazida ao Brasil através da diáspora negra nos séculos de escravidão e tráfico de mão de obra compulsória, Iemanjá é considerada a mãe de todos os orixás. Protetora dos povos ligados ao mar, Yemọja é celebrada na maior cerimônia pública dedicada a uma divindade africana no Brasil.
Enquanto analisa cuidadosamente as fotografias de Pierre Fatumbi Verger, Cici de Oxalá (foto abaixo), egbomi [liderança religiosa] do terreiro de candomblé Ilé Àṣẹ Òpó Aganju e contadora de histórias, reflete: “Essas imagens nos fazem questionar: estamos na Bahia ou na África? As semelhanças são impressionantes”.
Verger, etnólogo francês que adotou Salvador como lar, dedicou sua vida a documentar as tradições religiosas e culturais de povos do Benim, da Nigéria e de outras regiões da África Ocidental. O continente, reconhecido como o berço da humanidade, foi retratado em sua essência por meio das lentes do fotógrafo.
Cici, que foi assistente de Verger, contribuiu para documentar a relação entre a África e a diáspora. No encontro com a Mongabay na Fundação Pierre Verger, ela chamou a atenção para um registro feito numa celebração a Yemọja nos idos de 1950 na cidade de Abeokutá, na Nigéria: adultos e crianças carregando quartinhas [recipientes de barro em forma cônica e uma abertura na parte superior] cheias de água do Rio Ogun sob as cabeças, para trazer calma e equilíbrio.
Por lá, não se ofertam pentes, espelhos ou perfumes em frascos de vidro — “nada que venha da casa-grande”, elitizado, como diz Vovó Cici. Nas fotografias da procissão, os fiéis carregam a imagem feminina de uma divindade negra de seios fartos, bem diferente da clássica fisionomia de pele clara e traços finos que se propagou nos solos brasileiros, sincretizada com a figura de uma sereia.
A sábia anciã octogenária é contra oferendas que fazem mal à natureza: “pente eu dou para adultos e crianças”. Ela interpreta que para algumas “cabeças antigas” do candomblé, seja complicado mudar as condutas em prol de oferendas sustentáveis, por conta de as ideias estarem muito entranhadas.
Em sua oferenda este ano, ela diz que irá presentear Oxum, Nanã e Iemanjá somente com pequenas porções de comidas de cada orixá, postas numa superfície de papel. “Dentro do mar, os peixinhos podem comer. E as flores oferecidas, lembre-se de não perfumar com alfazema, senão mata as rosas”, avisa Cici.
Desde sua fundação em 1849, o Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase – Terreiro do Gantois, eternizado na canção de Dorival Caymmi, mantém uma reserva de folhas, plantas e árvores de diversas espécies em seu solo sagrado. A ialorixá Carmen Oliveira da Silva considera a celebração a Iemanjá igualmente um ato político, pois remete à necessidade de uma nova postura diante da vida para reverter os métodos prejudiciais e buscar a redução de danos, a partir de tradições anteriormente presentes com oferendas sustentáveis.
“O mar é ambiente sagrado, dos seres vivos que ali habitam, e daqueles que retiram dele seu sustento; fomentar educação ambiental para proteção dos mares e oceanos, das águas em geral, é primordial nessa era que tenta se reinventar diante das atrocidades da globalização”, pondera a liderança religiosa.
Na sua visão, as condutas tanto antigas quanto contemporâneas são um retorno, sim, uma busca para superar as distorções geradas pelo raso entendimento que a modernidade gerou entre os conceitos de adaptar e alterar. Mãe Carmen enfatiza que fala-se muito em ESG [Ambiental, Social e Governança, conjunto de critérios em empresas e organizações], mas os terreiros de candomblé já trilham esse planejamento sustentável, usando sempre estratégias para conduzir tudo na vivência em harmonia com a natureza, respeitando as matas, os oceanos, os rios, a terra e todas as reservas etnobotânicas existentes.
“As águas precisam ser preservadas e Iemanjá sinaliza sua misericórdia, dando oportunidade a escolhas assertivas e atitudes diárias que recuperem a dignidade e justiça social para todos”, diz a matriarca do Gantois.
Procurada pela Mongabay em janeiro, a Limpurb respondeu que realizaria, ontem (1), uma ação junto a banhistas e transeuntes no bairro do Rio Vermelho, com a finalidade de abordar a importância do descarte correto de resíduos, preservação marinha e utilização de presentes sustentáveis na Festa de Iemanjá.
Consultado, o Governo da Bahia não se manifestou até o fechamento desta reportagem; mesmo assim, divulgou nas redes sociais do órgão uma oficina gratuita de balaios sustentáveis em homenagem a Iemanjá, realizada pelo Projeto Artesanato da Bahia.
* Texto originalmente publicado no site da agência Mongabay Brasil em 30/1/2025
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Foto (destaque): Diego Antônio Castro Carvalho, Projeto CÓR-REGO (entrega dos balaios com oferendas dos pescadores da Colônia Z1 Núcleo Mariquita em 2025)