Sudan era o último macho sobrevivente no mundo dessa espécie africana. O rinoceronte branco do norte morreu em março de 2018. Aos 45 anos, ele estava doente e sofrendo muito, por isso, precisou ser sacrificado.
Com sua morte, restaram somente sua filha Najin e sua neta, Fatu, as últimas fêmeas da espécie. Infelizmente, nenhuma das duas têm condições físicas para gestarem um filhote.
Apesar disso, recentemente, a organização do Quênia Ol Pejeta Conservancy, que cuidou de Sudan até seus últimos dias, anunciou que havia conseguido coletar e fertilizar, com sucesso, óvulos de Najin e Fatu.
Dos dez óvulos coletados, sete foram inseminados artificialmente com o esperma congelado e guardado de dois machos de rinocerontes brancos do norte, já falecidos.
Segundo a Ol Pejeta, este é um passo importantíssimo na criação de embriões viáveis, que possam ser congelados e depois transferidos para fêmeas de rinocerontes brancos do sul.
A fertilização dos óvulos contou com o trabalho de um
consórcio de cientistas internacionais
Subespécies: geneticamente similares
Há cinco espécies de rinocerontes no planeta, três na Ásia (de java, de sumatra, indiano) e duas na África subsaariana (negro e branco). Alguns deles ainda apresentam subespécies, dependendo da região onde são encontrados e algumas pequenas características que os diferenciam.
É o caso dos rinocerontes brancos, que se dividem em do norte e do sul. Estes últimos ainda existem em grande número, cerca de 18 mil indivíduos livres na natureza, e pesquisadores acreditam que, por serem muito próximos geneticamente, as fêmeas do sul poderão receber embriões de rinocerontes brancos do norte.
“Agora, os óvulos injetados são incubados e precisamos esperar para ver se algum embrião se desenvolve até o estágio em que possa ser criopreservado para transferência posterior”, explicou Cesare Galli, cientista italiano que liderou o processo de fertilização.
Caça ao rinoceronte: extermínio das espécies
Todas as cinco espécies de rinocerontes estão em risco de extinção. Alguns mais do que outros. É o caso, por exemplo, do rinoceronte negro do leste (Diceros bicornis michaeli), considerado criticamente ameaçado. Em maio, mostramos também que um filhote dessa subespécie nasceu em um zoológico de Chicago.
Por anos e anos, milhares de rinocerontes foram mortos cruelmente na África. Caçadores tiram a vida desses animais para arrancar suas presas e vender o marfim ao mercado asiático, que abastece a crença de que ele possui “poderes medicinais”. O quilo do chifre é vendido por até 50 mil dólares.
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Fotos: divulgação Ol Pejeta