Este ano uma cena chocou os moradores da costa noroeste americana. Durante dias, uma orca ficou empurrando o corpo do filhote, morto, na região de Seattle, no estado de Washington. Tempos antes, outro filhote nasceu sem vida e logo depois, a mãe desapareceu.
Segundo biólogos, as orcas que vivem no Mar de Salish mostram sinais de estresse porque estão com fome. E são dois os motivos principais para isso: o tráfego intenso de barcos e navios, que provoca poluição sonora e afeta a capacidade desses cetáceos de encontrar alimentos, e… a falta de alimentos, principalmente, o salmão.
E se não bastasse a escassez de comida, como estão no topo da cadeia alimentar, esses cetáceos estão sendo seriamente afetadas pela contaminação marinha. Um estudo divulgado em setembro deste ano revelou que a poluição química nos oceanos pode matar 50% da população dessa espécie de baleia.
Monitorado por cientistas de Seattle, um grupo de orcas apresentou estatísticas alarmantes: nos últimos 20 anos, 40 filhotes nasceram, mas 72 morreram. E desde 2015, nenhum mais nasceu. Com poucas sobreviventes, o medo é que elas não sejam suficiente para garantir a sobrevivência da população na região.
Mas agora, uma esperança surge no horizonte. O governador de Washington, Jay Inslee, anunciou um plano de investimento de US$ 1 bilhão, quase R$ 4 bilhões, para salvar as orcas.
“A extinção não é uma opção”, afirmou Inslee.
A proposta inclui a destruição de duas barragens para estimular a reprodução do salmão, recuperação do ecossistema local e a suspensão, por três anos, do turismo de observação de baleias. O principal objetivo é promover a limpeza da água e o retorno dos salmões.
“O ecossistema em que esses peixes vivem está mudando como resultado das mudanças climáticas e alterações na cadeia alimentar”, disse Jacques White, diretor executivo da Long Live the Kings, uma organização dedicada à recuperação de salmão Chinook, em entrevista ao jornal The Guardian.
As medidas da proposta foram elaboradas por um grupo formado por especialistas, líderes indígenas, ativistas ambientais e representantes do setor industrial. No ano que vem, eles devem apresentar mais uma lista de recomendações.
“Quando salvamos as orcas de toxinas, quando salvamos as orcas da poluição, salvamos a nós mesmos”, disse o governador.
Quem é a baleia orca?
Entre os leigos, ela é mais conhecida como orca. Já para os cientistas, é a killer whale (baleia assassina, em inglês). A origem deste último nome é baseada na observação de cientistas, que notaram que o animal caça outros tipos de baleias.
Apesar de ser chamada de “baleia”, a orca (Orcinus orca) é um cetáceo, que pertence à família dos golfinhos – o maior deles, por isso mesmo, suas características físicas são bastante semelhantes com a de seus primos. Como outros cetáceos, elas podem ser identificadas individualmente pelos cientistas por causa de marcas naturais e diferenças no tamanho e formato das nadadeiras.
Os machos geralmente são maiores que as fêmeas. As orcas chegam a medir entre 5 a 9 metros de comprimento e podem pesar até 5.400 kg. Até hoje, o maior macho já achado media 9,8 metros e tinha mais de 9 kg.
O ciclo de vida das orcas é muito similar ao dos humanos. As fêmeas atingem a maturidade por volta dos 15 anos (mas os pesquisadores do Center for Whale Research já registraram o nascimento de um filhote de orca de apenas 11 anos). O período de gestação dura entre 15 e 18 meses e em geral, nasce um filhote a cada cinco anos. O indíce de mortalidade é muito alto: entre 37% e 50% deles morrem antes de completar o primeiro ano de vida.
A longevidade das orcas fêmeas é de 50 anos, todavia, muitas delas chegam a viver até os 100. Atualmente, J2 é a baleia mais velha sendo acompanhada pelos pesquisadores americanos. Ela tem 103 anos. Já os machos, vivem bem menos. Soltos na natureza, eles chegam aos 29 anos, podendo atingir, entretanto, 50 ou 60. Mas quando são presos em cativeiro, estes animais perdem quase 25 anos de sua vida.
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Foto: Robert Pittman/NOAA/Wikimedia Commons (abertura) e Brodie Guy/Creative Commons/Flickr