Mais uma na conta do aquecimento global. Pesquisadores da organização americana Yukon River Inter-Tribal Fish Commission afirmam que a onda de calor extremo e incêndios florestais que acontecem atualmente nas regiões polares do planeta, em lugares tradicionalmente gelados como a Sibéria, por exemplo, está provocando a morte de centenas de salmão, de diferentes espécies, no Alaska.
O alerta foi dado aos cientistas por comunidades ribeirinhas, ao longo do rio Koyokuk, que começaram a encontrar muitos peixes sem vida. Ao realizar uma expedição ao local, a equipe da ONG também achou quase mil salmões mortos. E acredita que a quantidade pode ser muito maior. A grande maioria deles tinha ovas na barriga.
Salmões encontrados mortos em rios do Alaska
Segundo Stephanie Quinn-Davidson, pesquisadora que fez parte do trabalho, os peixes não apresentavam sinais de doenças, presença de fungos ou lesões.
A mortandade acontece justamente no mesmo período que altas temperaturas são registradas no Alaska, por isso os cientistas acreditam que a causa da tragédia seja o calor da água, consequência das mudanças climáticas.
“O salmão não tem energia para desovar e morre com ovos saudáveis em sua barriga”, explica Sue Mauger, diretora científica da organização não-governamental Cook Inletkeeper.
Na região de Anchorage, onde a temperatura do rio é monitorada desde 2002, nunca antes ela havia ficado tão alta como neste verão. Chegou a mais de 24ºC. Em um outro riacho próximo, o Deshka, um ponto importante de desova da espécie, foi registrado mais de 27ºC.
“Nunca vimos um calor como esse antes”, alerta Sue. “Nos últimos dias, a temperatura da água durante o dia subiu e as temperaturas noturnas não caíram muito abaixo dos 21oC graus e não tivemos chuva. No Deshka, com temperaturas acima dos 25oC, estamos vendo não apenas temperaturas estressantes para o salmão, mas letais”.
Por causa do calor, os salmões não têm força para subir o rio
e realizar a desova
*Com informações da CNN e da InletKeeper
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Fotos: Gillfoto/Wikimedia Commons (abertura), Stephanie Quinn-Davidson (salmões mortos) e InletKeeper