*Por Gabriel Corrêa
O Brasil desperdiça mais de 40% da água potável captada por causa de vazamentos, erros de medição e ligações clandestinas. Essa situação é pior do que a de países como Camarões, Tanzânia, Etiópia e China.
Os dados são do Instituto Trata Brasil e foram divulgados nesta segunda-feira (5), Dia Mundial do Meio Ambiente. Eles foram colhidos a partir do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento.
De acordo com Luana Pretto, presidente-executiva do Trata Brasil, toda a água desperdiçada no país daria para abastecer o dobro das pessoas sem acesso a água, que são cerca de 33 milhões de brasileiros.
Nas regiões Norte e Nordeste, a situação aparece de forma mais grave. A cada quatro litros de água potável distribuídos na cidade de Porto Velho, por exemplo, pelo menos três litros são desperdiçados.
A capital de Rondônia lidera o ranking nacional das 100 maiores cidades que mais desperdiçaram água entre 2017 e 2021. Logo abaixo, aparecem: Macapá, capital do Amapá; Rio Branco, capital do Acre; Várzea Grande, no Mato Grosso; e São Luís, capital maranhense.
Nesse mesmo ranking, apenas oito cidades, três no Centro-Oeste e cinco no Sudeste, atendem às metas do Ministério do Desenvolvimento Regional, que é reduzir, até 2034, o desperdício de água para 25%.
O saneamento básico é constitucionalmente de responsabilidade dos municípios. Entre as cidades com melhores evoluções se destaca Cariacica, no Espírito Santo, que melhorou 35 pontos percentuais no índice do Trata Brasil.
De acordo com Luana Pretto, presidente-executiva do instituto, a cidade capixaba é um exemplo que se contrapõe ao desperdício nacional.
Nossa produção tentou contato com o Ministério do Desenvolvimento Regional, mas não obteve resposta.
*Texto publicado originalmente em 05/06/23 no site da Agência Brasil
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Foto de abertura: reprodução estudo “PERDAS DE ÁGUA 2023 (SNIS 2021): DESAFIOS PARA DISPONIBILIDADE HÍDRICA E AVANÇO DA EFICIÊNCIA DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL”.