Estima-se que até hoje o ser humano conheça apenas 10% da vida marinha. Ou seja, cerca de 2 milhões de espécies ainda são desconhecidas para a ciência. E para podermos proteger essa imensa biodiversidade que vive em nossos oceanos é essencial conhecê-la. Para isso, foi lançado o Ocean Census – o Censo dos Oceanos -, um esforço inédito global que pretende, nos próximos dez anos, descobrir e descrever 100 mil novas espécies.
“O oceano nos dá ar para respirar, cria alimentos para bilhões, regula nosso clima e fornece avanços científicos vitais para combater doenças. Precisamos descobrir e proteger a vida oceânica para sustentar e beneficiar toda a vida na Terra, nas próximas gerações”, diz a iniciativa, que tem a liderança de pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Os cientistas acreditam que, ao realizar um trabalho colaborativo internacional, a descoberta de novas espécies e o desenvolvimento de estratégias de conservação se tornarão mais rápidos e assim será a única maneira de enfrentar o avanço e os perigos provocados pelas mudanças climáticas.
Os pesquisadores envolvidos no Censo dos Oceanos querem utilizar tecnologia de ponta, como expedições com uso de veículos subaquáticos operados remotamente e sequenciamento genético, por exemplo, para ter mais velocidade e escala.
Para tal, já estão programadas uma série de expedições a hotspots de biodiversidade marinha nos próximos anos. A primeira delas já partiu da Noruega, a caminho do Ártico.
“O Censo dos Oceanos se beneficiará de recursos em abordagens modernas de taxonomia na Universidade de Oxford, incluindo o uso de imagens digitais tridimensionais para produzir espécimes de tipo virtual e o uso de sequenciamento de DNA para ajudar a classificar as espécies. O projeto também contará com conhecimentos mais amplos da universidade, inclusive em oceanografia biológica, biodiversidade, pesquisa de conservação e na área de políticas relacionadas à gestão sustentável do oceano”, afirma Alex Rogers, diretor de ciências do projeto.
Uma lagosta, descoberta num coral do fundo do mar na costa das Maldivas, em setembro de 2022, como parte de uma missão científica para mapear, coletar amostras e dados sobre a saúde dos oceanos
Foto: Nekton/Ocean Census
A aliança global pretende envolver não apenas a academia, mais organizações privadas, a sociedade civil, governos e também, meios de comunicação, para disseminar as descobertas e engajar o público na preservação dos oceanos.
“Temos uma pequena janela de tempo, talvez nos próximos dez anos, quando as decisões que todos tomarmos provavelmente afetarão os próximos mil ou até dez mil anos”, ressalta Oliver Steeds, diretor do Censo dos Oceanos e diretor executivo do Nekton.
Todas as descobertas feitas pelo Censo dos Oceanos farão parte de banco de dados global disponibilizado gratuitamente para cientistas, tomadores de decisão e a sociedade.
“Nosso objetivo é descobrir pelo menos 100 mil espécies. Cada uma representa uma parte vital do código da vida na Terra – quanto mais descobrimos, mais entendemos como a vida existe e como sustentar e fortalecer a vida nos oceanos e, portanto, em nosso planeta”, destaca Steeds.
O projeto foi fundado pela Nippon Foundation, a maior fundação sem fins lucrativos do Japão que se concentra na filantropia por meio da inovação social e o Nekton, um instituto de conservação e ciência marinha com sede no Reino Unido.
Foto de abertura: Nekton/Ocean Census