Donald Trump não para de surpreender. E sempre pra pior. Qualquer semelhança com o governo Temer e nosso Congresso não é mera coincidência. Há uma onda que prioriza o mercado e tudo que as indústrias e empresas são capazes de produzir. Nesse cenário, práticas humanistas e naturais perdem a importância.
Por isso mesmo, a delegação que representou os EUA em reunião da Assembleia Mundial da Saúde, da ONU – Organização das Nações Unidas, semana passada, foi contra resolução que incentiva a amamentação ou o aleitamento materno e ainda ameaçou quem apoiasse a iniciativa.
Ou seja, Trump e seu governo são contrários a tudo que recomenda a comunidade científica. Mas o que eles defendem, afinal? Oras, os interesses das indústrias que fabricam fórmulas alimentícias como leites em pó e papinhas.
Não é pra menos!! US$ 70 bilhões é o que a indústria de alimentos para bebês faz girar num mercado dominado por empresas americanas e europeias. E é uma indústria que não para de crescer, imagina o receio de que a campanha da ONU possa atrapalhar essa performance… Estima-se que o crescimento do setor este ano seja de 4%, com um detalhe: a principal receita vem de países em desenvolvimento. Pobres crianças.
Cerca de quatro décadas de pesquisa dão sustentação ao texto da ONU, que destaca que não há nada mais saudável que o leite materno para os pequenos e recomenda que os governos limitem a publicidade e as estratégias de marketing mentirosas, que promovem produtos com o intuito de inibir e substituir a amamentação.
Revoltados, os diplomatas de Trump tentaram tirar esse trecho do texto final da resolução, assim como o recado para os governos para que protegessem, promovessem e apoiassem a amamentação. Sua manobra foi em vão mas, não satisfeita, a delegação americana, passou a ameaçar os diplomatas presentes com sanções comerciais, descaradamente.
O Equador, autor do projeto – além do continente africano e da América Latina – está entre os chantageados e ainda foi ameaçado de perder ajuda militar. Mas, no final da conversa acalorada, mediada pela Rússia, os americanos desistiram de fazer pressão.