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Em breve, Chica e Negão ganharão a liberdade e um novo lar na APA Boqueirão da Onça, na Bahia

Em breve, os bugios Chica e Negão ganharão a liberdade e um novo lar no Parque do Boqueirão da Onça, na Bahia

Chica foi apreendida em 2012. A bugio-preta (Alouatta caraya) era vítima de maus-tratos, mantida em um cativeiro, em péssimas condições, e apresentava sérios ferimentos. No ano seguinte, foi a vez de Negão ser resgatado. Ele tinha sido atacado por cães. Ambos foram encaminhados para o Centro do Triagem de Animais Silvestres (CETAS) do Centro de Conservação e Manejo de Fauna da Caatinga, em Petrolina (PE).

Lá eles receberam os primeiros cuidados e depois de sua recuperação, por pertencerem à mesma espécie, foram colocados em um mesmo recinto. Após algum tempo, acabaram formando um casal e gerando filhotes.  

Agora, passada mais de uma década de seus resgates, Chica e Negão deverão finalmente voltar à natureza. O lugar escolhido é a Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão da Onça, em Campo Formoso, na Bahia, que também faz parte do bioma Caatinga, onde eles viviam originalmente.

No último dia 12 de março, o casal foi encaminhado para um recinto de reabilitação. Além dos dois, outros seis membros da família (três machos e três fêmeas) também foram levados para a APA para passarem pela chamada habituação, processo de adaptação ao novo ambiente.

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E para surpresa de todos, depois da chegada à Bahia, Chica deu à luz a um novo filhote. “Após realizar uma visita técnica na área, constatamos que a família está bem e cresceu mais uma vez! No dia 18 de março, Chica se tornou mãe novamente com a chegada de mais um filhote e todos estão bem e saudáveis!”, revela Claudia Campos, chefe do Núcleo de Gestão Integrada de Juazeiro, responsável pela gestão das UCs do Boqueirão da Onça.

O planejamento para a chegada da família foi longo e envolveu diversos órgãos. A habituação também deve ser lenta, respeitando o tempo necessário para que Chica e Negão reaprendam a viver na natureza e possam ensinar seus filhotes a sobreviver na vida selvagem.

Nesse período dentro do recinto, que poderá ser de até um ano, aproximadamente, os bugios continuarão a receber alimentos. Quando os especialistas decidirem que eles já estão prontos, as portas serão abertas e eles poderão, aos poucos, começar a explorar a natureza. Antes disso, alguns membros da família receberão colares GPS, para serem monitorados.

“Para as UCs do Boqueirão da Onça, a chegada desta família reforçará o número de indivíduos da espécie na região, aumentando as chances de sobrevivência da espécie no bioma Caatinga”, ressalta Claudia.

Em breve, os bugios Chica e Negão ganharão a liberdade e um novo lar no Parque do Boqueirão da Onça, na Bahia
Um dos membros da família que chegou na Bahia
Foto: Marcus Antonius

Principais ameaças ao bugio-preto

Também chamado popularmente de guariba-preto e barbado, o bugio-preto é uma espécie com ampla distribuição no Brasil, ocorrendo nos estados das regiões Centro-Oeste, Sul, Sudeste e em alguns do Nordeste, nos biomas Cerrado, Pantanal, Caatinga, Mata Atlântica e Pampa. Todavia, em alguns deles, como é o caso da Bahia, ele apresenta um declínio preocupante em sua população e é considerado ‘em perigo’ de extinção.

Alouatta caraya ocorre em florestas tropicais secas e inundadas, assim como florestas contínuas e matas de galeria.

Os machos são pretos e as fêmeas e os animais mais jovens têm uma coloração entre o bege e o marrom. Os primeiros podem chegar a até 7 kg, enquanto que elas pesam cerca de 4,5 kg.

Vivem em grupo, de em geral oito indivíduos, dominado pelo macho, que pode copular com várias fêmeas. As vocalizações podem ser ouvidas de muito longe.

Entre as principais ameaças ao bugio-preto estão a perda e a fragmentação do habitat provocados pela expansão das áreas agrícolas e de pecuária, os incêndios florestais e a expansão urbana e das matrizes energética e rodoviária, a caça e a vulnerabilidade a epidemias de doenças infecciosas, especialmente a febre amarela.

*Com informações e entrevista contidas no texto de divulgação do Ibama

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Foto de abertura: Marcus Antonius

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